quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Cientistas mostram como as palavras adquirem seu significado - Planeta - Revista Planeta - inglês

As propriedades discretas das palavras (como são combinadas) e as contínuas (como são pronunciadas) podem transmitir o significado em grande detalhe, conforme demonstrado pelas pequenas diferenças de significado que as diversas pronúncias dessa frase em inglês transmitem. Crédito: Lieck et al. 2021

Pesquisadores do Colégio de Humanidades da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL, na Suíça) usaram o aprendizado de máquina para revelar como os humanos preenchem as lacunas frequentemente significativas entre o sinal e o significado na comunicação.

Robert Lieck e Martin Rohrmeier, do Laboratório de Musicologia Digital e Cognitiva (DCML) da EPFL, exploraram com o aprendizado de máquina e a inteligência artificial os alinhamentos e desalinhamentos entre os sinais – como palavras e gestos – e o significado na comunicação. Suas descobertas foram publicadas recentemente na revista de ciências cognitivas Cognition.

Segundo Lieck, pesquisador de pós-doutorado e principal autor do artigo, a investigação do DCML aborda um enigma fundamental da comunicação e da evolução do significado na linguagem. “O problema é que as palavras são rígidas e só podem apontar para uma única ideia, enquanto os sentimentos, cores, etc. são contínuos e graduais por natureza. Essencialmente, isso significa que entre quaisquer duas palavras existem significados infinitos que as palavras sozinhas não pode capturar.”

Os humanos, é claro, são capazes de expressar com precisão esses significados “confusos” – por exemplo, por meio de tom de voz ou gestos. Então, por que começamos a quebrar significados contínuos para comprimi-los em palavras discretas?

Incompatibilidade topológica entre o espaço da forma (laranja) e o espaço do significado (azul). (a): Mal-entendidos ocorrem porque os limites do espaço do significado são mapeados perto do mesmo ponto no espaço da forma (inserção). (b): Uma lacuna no espaço da forma evita mal-entendidos. Crédito: Lieck et al. 2021
A comunicação como um jogo

Lieck e Rohrmeier buscaram responder a essa questão empiricamente usando métodos computacionais para simular a evolução da comunicação como um jogo. Em sua simulação de aprendizado de máquina, dois agentes virtuais trocaram e interpretaram sinais e usaram feedback de seu ambiente para melhorar suas estratégias de comunicação.

Os pesquisadores fizeram três descobertas importantes. Primeiramente, os agentes virtuais desenvolveram sinais distintos, ou “palavras” para os componentes estruturais de seu ambiente. No entanto, eles também tinham maneiras contínuas de comunicar gradações mais finas dentro de cada um desses componentes – análogas às diferentes pronúncias da mesma palavra.

Em segundo lugar, mesmo nos casos em que a comunicação totalmente contínua era possível, os agentes nem sempre conseguiam encontrar uma correspondência ideal e, às vezes, criavam mosaicos de diferentes fragmentos de sinal para expressar todos os significados.

Por fim, os pesquisadores descobriram que nos casos em que os sinais e significados são contínuos, mas têm diferentes formas lógicas (por exemplo, se os sinais seguem uma forma circular e os significados são lineares), significados muito diferentes podem ser mapeados em sinais muito semelhantes, forçando assim os agentes a deixar lacunas entre esses sinais para evitar mal-entendidos.

Dos animais ao Zoom

Essas descobertas têm implicações abrangentes não apenas para a compreensão da linguagem humana, mas também de outros sistemas de comunicação, incluindo a comunicação animal e a música.

“Nossa pesquisa ajuda a entender melhor como os mapas de significado evoluem em várias formas de comunicação e como eles podem ser usados ​​para expressar ideias sobre um mundo complexo”, disse Rohrmeier.

Lieck acrescentou que o trabalho oferece uma análise unificada tanto dos aspectos discretos e estruturais da linguagem quanto dos aspectos contínuos e graduais: “Mostramos que esses são realmente os dois lados da mesma moeda, e um não pode ser compreendido sem o outro”.

O estudo também destaca o papel estrutural fundamental desempenhado pela comunicação não verbal, que tem particular relevância em meio a uma pandemia: ao contemplarmos o futuro da videoconferência na educação e no trabalho, muitas vezes nos deparamos com condições nada ótimas com respeito à comunicação não verbal, mas também desenvolvemos novas maneiras de nos expressar à medida que a comunicação continua a evoluir.

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Para a vida, lado a lado - Visão - inglês

Cada um é uma cultura. O seu contexto, a sua educação, o seu cosmos, maior ou mais reduzido. Somos nós e as nossas contingências, na frase popularizada de Ortega y Gasset, tantas vezes usada numa interpretação que desculpa e retira responsabilidade.

Quando saímos do ecossistema onde temos um lugar certo e inquestionável, onde somos parte de uma mobília, o chamado espaço, ou lugar, de conforto, percebemos melhor as diferenças e, dessa forma, como uma aplicação pedagógica, damos mais valor ao que temos e somos.

Recentemente chegado ao Brasil, procuro perceber melhor os ritmos e os hábitos. Nas diferenças, consigo chegar ao que me difere da cultura que me recebe e, ao mesmo tempo, tomo consciência do que, afinal, sou eu, do que me recheio.

Nos restaurantes, onde acabo por jantar tantas vezes, percebo uma diferença muito significativa face aos hábitos em Portugal. Se, nas terras lusas, um casal se senta, quase sempre, frente a frente, no Brasil esse sentar cúmplice é, lado a lado. É a posição maioritária dos casais. Questiono-me. Interrogo-me sobre o significado.

Na arqueologia que faço, da minha vida, dos meus sentares, recordo um momento genesíaco, tido há mais de dez anos, numa mesa de um restaurante, contigo, Zé. Tudo me levava a crer que seria um momento fundamental, mas o correr da vida mostrou-me que era isso, e muito mais!

Sentei-me com ela, nem de lado, nem de frente; foi o suficientemente de frente para a olhar nos olhos; foi, também, o suficiente de lado para lhe dar a mão, para que o toque tivesse lugar. Ao fim de mais de uma hora, depois de termos deixado os pratos com quase toda a comida que nos tinha sido servida, beijei-a. Dei-lhe o beijo que qualquer um deseja dar a uma princesa, transformando-se em príncipe. Não o sou, mas nesse almoço, fui-o, por, e com ela: ambos acordámos, força do gesto e do seu significado, para uma nova vida que é proposta até hoje, pelos tempos e pelas dimensões. 

Tal como eu, na minha história partilhada e comum de vida, tenho à minha frente, num restaurante no famoso Embu das Artes, um casal bem quarentão que agarra, como eu o fiz, a oportunidade do Amor. Lado a lado, como aqui se sentam os casais, numa mesa de um muito interessante restaurante, depois de muitos toques, muitas carícias que essa posição permite, ele deu-lhe um anel de noivado. O espanto, a cenografia do gesto, foi de levar às lágrimas.  Era domingo de Todos os Santos, e eles celebraram a Vida santificando-se!

Só, a muitos quilómetros de Lisboa, recordei e vivenciei, como num psicodrama, o que vivera com 40 anos, há uma dezena de anos, e recuei no tempo, quando num restaurante, sobre a praia de Carcavelos, me recriei para o resto da vida. Era náufrago e surgi novamente das águas, qual Afrodite de Botticelli, que no máximo do Erotismo nos dá o pleno do Espírito. 

Lado a lado, na metáfora da vida abraçada em conjunto, revejo-me na capacidade de tornar a não se apenas eu, mas um nós.  Obrigada por me teres levado a redescobrir-me. 

A ti, minha companheira.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

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terça-feira, 2 de novembro de 2021

Luigi Pirandello e Samuel Beckett protagonizam duas "edições históricas" de teatro em livro - Jornal de Notícias - Dicionário

Duas edições "históricas", é como o encenador Jorge Silva Melo define a publicação das obras "Máscaras nuas", uma seleção de 25 peças do dramaturgo italiano Pirandello, e do "Teatro completo", que reúne toda a dramaturgia de Samuel Beckett.

Surgidas nas livrarias em outubro, "são edições históricas", dedicadas a dois Prémios Nobel da Literatura, com uma "seleção de traduções bastante rigorosa", e "era bom que isso pudesse continuar", disse à agência Lusa o encenador, a propósito do volume dedicado a Pirandello, que organizou com a tradutora Mariana Maurício, e do "Teatro completo" de Beckett, que lhe foi encomendado, e que conta com diferentes traduções, duas das quais da sua autoria, mais o texto final que assina, sobre a representação do autor em Portugal.

É "engraçado" que os livros "possam voltar a ser lidos", que o "teatro possa voltar a ser vivido", porque "gosto muito disso", frisou Jorge Silva Melo, acrescentando que ainda gostava de ver publicada uma "seleção boa" das peças de Molière, "de que há muito boas traduções", ou de Mariveaux.

Quando cresceu - "e já foi há muito tempo" -, havia sempre livros de teatro editados pelas principais editoras e "eram livros normais". "E é bom que sejam livros normais", sublinhou.

A edição de "Máscaras nuas", na coleção Itálica da Imprensa Nacional Casa da Moeda, e o "Teatro Completo" de Samuel Beckett, pelas edições 70, do grupo Almedina, são acontecimentos que não "ocorrerão muitas vezes".

Embora tenham sido preparados em tempos "muito diferentes", editar "quase em simultâneo, em Portugal, um grande autor contemporâneo, como Beckett [1906-1989], e um pré-contemporâneo, como Pirandello [1867-1936], é de enorme importância", sustentou, ainda que, neste momento, se tenha voltado a escrever muito teatro em Portugal.

É o caso do Teatro Nacional D. Maria II, que já publicou bastante - embora atualmente tenha reduzido a publicação - e também de autores portugueses mais novos, que têm publicado bastantes textos de teatro, apesar de o fazerem em "edições pequenas e de âmbito restrito", observou.

É "bom e engraçado" que isso aconteça, porque, antes, "era através dos livros que as pessoas conheciam as peças de teatro que não conseguiam ver".

"Agora quando ficámos confinados não podíamos ver teatro e inventámos aquela coisa do 'streaming'", mas a leitura de teatro em livro "permite mais aberturas ao leitor, ao espetador do que o 'streaming' que fixa uma imagem ali que vai ficar para sempre e que eu, por exemplo, detesto", sustentou à Lusa.

Para Jorge Silva Melo, é importante que a publicação de livros de teatro "não morra", até porque como o teatro tem "uma linguagem muito rápida - diálogos, quase sempre -", "não pode ter notas de rodapé". Já o "livro fixa partes, e permite que a gente imagine o resto".

Para o ator e encenador, que também é diretor dos Artistas Unidos, "Máscaras nuas" é "um instrumento imprescindível" para quem faz teatro, pois Pirandello é "um autor genial e um dos autores cruciais do século XX".

"Até agora, só havia publicadas 'Henrique IV' e 'Seis personagens em busca de autor', em várias traduções diferentes e pouco mais", frisou.

O livro contém "mais de metade" das peças que o autor italiano escreveu e que "instalou aquela coisa que em Portugal terá sido Fernando Pessoa a instalar: a dúvida", observou.

"A dúvida permanente, 'sou, não sou', 'deixa de ser', 'quem é esta personagem', 'sou aquele que tu quiseres', ou seja, quem são essas personagens à procura de um autor... [Tudo isso] conta a minha história", enquanto personagem, afirmou, sublinhando tratarem-se dos mesmos temas que aparecem também em Fernando Pessoa, quase contemporâneo de Pirandello.

"São os autores mais semelhantes que conheço e intriga-me até que não tenha havido proximidade entre eles", sublinhou Jorge Silva Melo, recordando que Pirandello veio a Portugal em 1931 para assistir à estreia mundial da sua peça "Um sonho, mas talvez não" (encenada por Amélia Rey Colaço, no D. Maria II), e para participar no V Congresso da Confederação Internacional da Crítica Dramática e Musical.

"Máscaras nuas", nome dado por Pirandello à quase totalidade da sua obra dramática, contém uma seleção de 25 peças, seis das quais inéditas, a partir de traduções existentes "já provadas e experimentadas em palco, mas não publicadas" e de outras encomendadas, mas não muito vistas reunidas por Jorge Silva Melo e pela tradutora Mariana Maurício.

A edição em livro soma 1.600 páginas e integra uma "tradução absolutamente admirável e perfeita de uma peça inédita", que encontraram na Torre do Tombo, nos arquivos da Censura, traduzida pela atriz, encenadora e dramaturga Maria Matos", disse.

Sobre o "Teatro completo" de Samuel Beckett, Jorge Silva Melo frisou tratar-se também de uma "recolha feita sobre peças já experimentadas, já estreadas ou já feitas, quase todas".

"À espera de Godot", "Todos os que caem", "Rascunho radiofónico", "A última gravação de Krapp", "Aquela vez", "O quê onde" e "Trio fantasma" contam-se entre as 31 peças que preenchem o "Teatro completo", com cada uma a ser precedida por uma nota explicativa sobre quando foi escrita, em que língua, ou que edições foram consultadas para a tradução.

No final do livro, Jorge Silva Melo assina ainda um texto intitulado "Beckett representado em Portugal", no qual percorre as peças do dramaturgo irlandês postas em palco no país, desde a estreia, "rodeada de polémica", de "À espera de Godot", em abril de 1959, no Teatro da Trindade, pela companhia Teatro Nacional Popular, dirigida por Francisco Ribeiro (Ribeirinho), até espetáculos mais recentes, como uma versão de "Todos os que caem", dirigida por João Mota, em 2006, no Teatro da Comuna.

Inicialmente encomendada pelo fundador da Quasi edições, Jorge Reis-Sá, ao encenador, esta edição do "Teatro completo" de Beckett conta com traduções de José Maria Vieira Mendes, Francisco Frazão, Luis Miguel Cintra, Margarida Vale de Gato, Miguel Esteves Cardoso, Vasco Gato e Rui Laje, além do próprio Silva Melo.

Com o fecho da Quasi, em 2009, o livro "andou por vários sítios", e a Livros Cotovia "ainda tentou pegar naquilo". Mas já não havia meios para o fazer, coincidindo depois com o fim da editora fundada por André Jorge, que acabou por fechar em novembro de 2020, quatro anos após a morte do fundador.

"Até que um dia recebi 'e-mail' das edições 70, do Grupo Almedina, a dizer que estavam interessados em publicar todo o teatro de Beckett, o que é uma coisa que poucos países têm, só Inglaterra", disse Silva Melo à Lusa.

O dramaturgo irlandês "era um doido absoluto, escrevia em várias línguas e ninguém sabe qual é a versão definitiva de 'À espera de Godot'", observou, acrescentando que, apesar de o dramaturgo achar que era a inglesa, "mesmo assim quando a encenou, fez cortes, modificou e alterou".

Beckett escrevia ora em francês, ora em inglês, e os textos nunca são iguais, pelo que não é fácil compilar as obras completas do autor de "Dias felizes". Mas "em francês é menos fácil", acrescentou.

E Beckett é "uma personagem absolutamente fundamental na 'destruição' do teatro", tal como se fazia outrora, já que operou "um tremor de terra" e "anulou uma série de leis que havia dentro" da arte.

"Sem ele não podemos viver, com ele é difícil viver", sustentou Jorge Silva Melo, citando, a título de exemplo, a peça "Breath", talvez a mais curta de teatro em que o pano do palco se abre, ouvindo-se uma respiração profunda e o pano voltar a fechar.

Ele é o homem que destruiu completamente todas as razões do teatro e no qual, "curiosamente, muitos dos grandes encenadores não pegaram", afirmou Jorge Silva Melo.

Como Beckett era o encenador das suas próprias peças, quando se pega numa peça dele, "está lá tudo; é impossível fazer diferente". Então os encenadores, que queriam ser "também autores, adoravam-no, mas nunca lhe pegavam".

Foram "sempre os atores que se mantiveram fiéis ao Beckett", como aconteceu em Portugal, com Glicínia Quartin, que teve a iniciativa de, em 1968, estrear "Dias felizes", na Casa da Comédia, tendo ido buscar Artur Ramos para encenar a peça.

Ou como aconteceu com a atriz francesa Madeleine Renaud, que convidava Roger Blin para encenar; ou com a atriz inglesa Billie Whitelaw, em Londres.

Beckett "esvaziou o teatro, mas nós temos de estar permanentemente em contacto com a obra dele, que é fulcral", frisou Jorge Silva Melo.

Além de do teatro de Brecht, e de "seleções muito bem feitas" de Goldoni e de Ibsen, editadas pelos Livros Cotovia, há muito pouca coisa de teatro editada em Portugal nos últimos anos, acrescentou o encenador, que mantém a publicação da coleção "Livrinhos de Teatro", dos Artistas Unidos, em parceria com a Livraria Snob.

"Era bom que se pudesse continuar a publicar teatro, já que há traduções muito boas e rigorosas em Portugal", concluiu.

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Nova tradução do Livro do Êxodo à espera de sugestões dos leitores - Renascença - Dicionário

A Comissão da Tradução da Bíblia da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) acaba de divulgar o texto provisório do livro do Êxodo, o segundo do Antigo Testamento, para recolher contributos dos leitores.

Em entrevista à Renascença, o coordenador da Comissão da Tradução da Bíblia explica que o objetivo "é envolver a comunidade no processo, acolhendo o contributo dos leitores no que, embora sem desvirtuar o seu sentido literal, considerem ser importante para a melhoria da compreensibilidade do texto, tendo em conta que este se destina a ser utilizado em todas as dimensões da vida da Igreja em Portugal, nomeadamente na liturgia".

O texto é acompanhado de uma introdução, em que é apresentado o conteúdo do livro, a história literária, a autoria e o “sentido teológico” do segundo livro da Bíblia, a partir do “tema da libertação da escravatura”.

A tradução está disponível na página da Conferência Episcopal Portuguesa e as achegas e comentários devem ser enviados através do endereço eletrónico biblia.cep@gmail.com.

Nova tradução da Bíblia, dentro de cinco anos

Desde agosto, um novo livro da Bíblia é disponibilizado mensalmente em formato digital. A bíblia completa só deverá sair dentro de cinco anos.

“Nós gostaríamos muito que daqui a dois anos tivéssemos o Novo Tratamento terminado e que daqui a cinco anos tivéssemos, naturalmente, a tradução de toda a bíblia”, adianta à Renascença o padre Mário Sousa, assinalando, no entanto, que “tudo isto é muito relativo, porque, às vezes, há traduções que implicam um grande esforço das subcomissões e, muitas vezes, uma revisão que acaba por ser muito prolongada”.

“E, portanto, depende do estado do texto que chega e das harmonizações que é preciso fazer, se é preciso acrescentar notas ou até retirá-las…”, sublinha.

O coordenador da Comissão da Tradução da Bíblia nota que este é um trabalho meticuloso e, por isso, moroso, que conta com um leque diversificado de biblistas.

“Leva muito tempo, é demorado. As subcomissões são constituídas por três pessoas. É preciso, muitas vezes, discutir a tradução apresentada por pelo primeiro tradutor. E tudo isso leva, naturalmente, muito tempo. E depois, tenho em conta também a finalidade, que não é uma finalidade académica, mas é, sobretudo, uma finalidade litúrgica, ou seja, que o texto, sendo fiel às línguas originais, também não seja de tal forma literal, que se torne pouco compreensível na nossa língua, ao ser escutado ou ao ser lido”, explica o sacerdote.

Da metodologia faz parte escutar e receber achegas por parte dos leitores, um contributo que, até ao momento, não está a ajudar muito, porque, refere o sacerdote, “há pessoas que, de facto, comentam muito que, agora sim, que esta tradução é muito boa; outras pessoas que nem por isso, não em tão grande número… Mas este tipo de contributos, naturalmente que não ajuda muito”.

“O que ajuda é, de facto, a pessoa pronunciar-se ‘esta versão do versículo tal em português não funciona’, ‘não conseguimos perceber o que é que se quer dizer com esta frase’. E este tipo de contributo, naturalmente que a maior parte das pessoas não consegue pronunciar-se sobre a tradução em si, sobre a sua fidelidade à língua original, mas pode pronunciar-se sobre a sua compreensibilidade e é sobretudo isso que a comissão da tradução da bíblia gostaria de receber dos leitores”, observa.

Contributo dos leitores é fundamental

Para o coordenador da Comissão da Tradução da Bíblia, quanto maior e melhor for o contributo dos leitores, melhor será o texto final, daí o apelo à participação.

“Para quem está a trabalhar com o texto dia a dia, determinada passagem pode ser muito compreensível, até porque, naturalmente, o conhecimento do pensamento daquele autor ajuda a quem está a traduzir. Mas isto pode não acontecer a quem não tem assim um conhecimento tão profundo da teologia daquele autor ou sobre a forma daquele escritor se expressar. E estas ressonâncias são muito importantes nesse sentido. Texto será tanto melhor, quanto mais participação e mais achegas nos fizerem chegar”, sublinha o sacerdote.

A nova tradução da bíblia, a partir das línguas originais, hebraico, aramaico e grego, para português é um projeto da Conferência Episcopal Portuguesa. O objetivo é conseguir um texto uniforme, que possa ser usado na liturgia, na catequese e em todas as atividades da Igreja, quer em Portugal quer, futuramente, nos outros países lusófonos, que também colaboram neste trabalho. O projeto arrancou em 2012 e segue o acordo ortográfico.

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A saudade acompanha todas as pessoas que dão significado à vida - Zero Hora - inglês

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A saudade acompanha todas as pessoas que dão significado à vida  Zero Hora

De Lacuna de Géneros a Abertura de Géneros no mundo tecnológico - Observador - Dicionário

Tem acesso livre a todos os artigos do Observador por ser nosso assinante.

Quando comecei a escrever este artigo, tive sérias dificuldades em procurar uma tradução para a expressão “Gender Gap”, que faria parte do título imaginado – Closing the Gender Gap in Tech. Como estou habituada a usar a expressão em inglês ,nunca pensei realmente no que seria a sua tradução para Português, então decidi ir ao Google Translate e procurar a melhor tradução possível. Comecei por pesquisar somente por “Gap” e deparei-me com os termos “lacuna”, “intervalo” e “separação”. Senti que havia uma certa conectividade negativa, no entanto, também encontrei palavras que me fizeram reflectir, tais como “abertura” e “brecha”.

Eu faço parte do mundo das tecnologias e durante o meu percurso profissional trabalhei em empresas de Portugal e Londres. Focando-me neste mundo, que é o meu, a, chamemos-lhe, “Lacuna de Géneros” é clara, principalmente nas áreas de liderança. Porque será que isto acontece? Porque é que as mulheres não conseguem chegar a cargos de liderança? O que é que está a acontecer para os homens dominarem essas posições? Será que o próprio facto de os homens dominarem as posições de liderança prejudica não só as mulheres como também aqueles que se identificam como mulheres a alcançarem essas posições? São muitas as perguntas em aberto, e ainda bem que assim o é. É bom que as questões estejam a ser levantadas e que estejamos a trazer o tema para a mesa. Quando fazemos uma pesquisa com os termos “Gender Gap” obtemos centenas de resultados contendo artigos que saem quase mensalmente, investigações ou estudos sobre o tema e agora com mais frequência o tema “Gender Gap in Tech”.

O problema está exposto, o tema está a ser abordado. Mas qual é a resposta para fecharmos esta “Gap”? Essa é a pergunta para um milhão de euros. Antes de tudo temos que nos educar. Educar, educar, educar… A nós próprios, os nossos parceiros, os pais e avós, os amigos e colegas, as nossas empresas e, não menos importante, aqueles que não fazem parte do mundo tecnológico, porque toda a gente precisa de saber que este problema existe, que quando a filha, namorada, esposa está a progredir na sua carreira o seu trajeto não é tão linear como o de um homem.

Atualmente tenho a sorte de estar numa empresa que se quer educar, que reconhece que existe um problema e que quer ser melhor. Por isso eles convidaram todas as mulheres e aqueles que se identificam como tal a concorrerem a um “Leadership Program” (Programa de Liderança) patrocinado por eles. Tudo o que tínhamos que fazer era arranjar uma iniciativa sobre a qual gostaríamos de trabalhar e escrever um pitch. No meu caso, o meu pitch foi em como eu ia estudar o tema “Gender Gap in Tech”, e sim, estudar é o termo a usar. O meu pitch foi um sucesso e estou então neste momento a ler, pesquisar e a educar-me sobre o cenário global, a consciencializar-me sobre o assunto antes que possa agir sobre ele. Estou também a planear inquéritos com perguntas para as quais não tenho resposta, a questionar a equipa de recrutamento sobre quais as técnicas que eles usam e se existe alguma coisa que podemos melhorar, a falar com mulheres em cargos de liderança que conseguem reter talento na empresa e tantas outras coisas…

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Não seria ótimo se as empresas pensassem a longo termo também? Incentivar o público mais jovem a seguir uma carreira na tecnologia, apoiar escolas, providenciar estágios, fazer parcerias com associações. Trabalhar e tentar mudar o pensamento das nossas empresas que querem o benefício imediato e acima de tudo apontar para um futuro melhor, um futuro em que este tema já não tem necessidade de ser tema.

Deixo aqui o “MEU” projecto, o projecto que eu gostaria que fosse “NOSSO”, com a esperança de que todas as empresas tenham alguém a trabalhar para garantir que não existe discriminação e que todas as pessoas têm a oportunidade merecida. E finalmente, para que nós possamos gradualmente tornar uma Lacuna de Géneros numa Abertura para todos os Géneros.

Lúcia Mendes é Quality Assurance Engineer na Beyond, uma empresa do Reino Unido que abriu um escritório em Lisboa à pouco mais de 1 ano e conta também com presença nos Estado Unidos. Formada em Engenharia Biomédica com Mestrado em Tecnologia Biomédica – Instrumentação e Sinais Médicos, a Lúcia começou a sua carreira em Lisboa mudando-se mais tarde para Londres. Em 2021 regressou a Portugal. Adora viajar, ler e o mundo da moda e tudo o que o envolve.

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõem o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.

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A melhor tradução dos alvos da COP26: carvão, carros, dinheiro e árvores - GZH - Dicionário

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A melhor tradução dos alvos da COP26: carvão, carros, dinheiro e árvores  GZH