segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Terninho mostra que peças de brechó têm mais significado do que se imagina - UOL - inglês

Tenho um estilo esportivo e despojado, prezo muito pelo conforto na hora de me vestir, sem abrir mão da praticidade. Minhas peças prediletas costumam ser jeans e camiseta, de preferência de tecidos leves, como algodão. Também gosto de sapatos sem salto, como tênis ou botas, bolsas grandes onde cabe tudo, maquiagem leve e cabelo com corte fácil de manter.

Mesmo apreciando a praticidade dos looks, sempre gostei muito de moda. Mas costumava comprar minhas roupas e acessórios em shoppings, nunca tinha ido a um brechó. Talvez por preconceito ou falta de conhecimento, acreditava que não iria encontrar nada legal e que combinasse com meu estilo em um brechó.

Até que no final de 2019 conheci o brechó do lar Tereza de Jesus, em Belo Horizonte, onde minha cunhada trabalha. Ele recebe doações e o lucro das vendas é revertido para o lar, uma proposta que considero muito bacana. Eu fiquei encantada com a quantidade de peças de qualidade e o preço excelente. Encontrei uma camiseta branca e esse terninho laranja que combina comigo — o tom é vibrante e alegre, ao mesmo tempo em que a peça dá um ar mais arrumado ao look. Talvez não teria olhado para ele se estivesse em lojas que eu geralmente frequentava.

Essa primeira experiência foi muito icônica para mim, pois as peças me ensinaram a valorizar os brechós. Desde aquele meu primeiro encontro com o brechó já comprei mais de 10 peças em lojas do tipo".

E conheci outros brechós: essa calça de alfaiataria que arrematou o look, por exemplo, veio do brechó da mãe de uma minha amiga. No fim, acabei com um visual despojado e ao mesmo tempo arrumado por menos de R$ 50. Uma pechincha!

Cristina Rodrigues - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal

A terapeuta capilar Cristina Rodrigues com o terninho laranja

Imagem: Arquivo Pessoal

Passei a enxergar os brechós como lugares com roupas cheias de histórias, além de serem a melhor forma de consumo consciente e sustentável, pois é muito melhor para o meio ambiente reaproveitar uma peça que já existia. Virou quase um estilo próprio: adoro entrar e fuçar para ver o que encontro, e quase toda vez saio com peças ótimas.

Para quem nunca foi a um brechó por preconceito ou porque acha que é melhor comprar em lojas comuns, digo sempre que vale a pena experimentar. Uma dica para quem nunca foi é buscar conhecidos que já frequentem brechós, eu sempre vou com uma amiga. O apoio de pessoas conscientes faz toda a diferença, sem falar que vira um programa muito divertido quando temos companhia para comemorar os "achados".

Ao comprar em brechós, evitamos que a roupa seja descartada e ela ganha uma nova vida e um significado maior do que imaginamos. Pretendo sempre continuar frequentando brechós — e também doar ou vender peças que eu não use mais para fazer o ciclo girar. Hoje acredito que estilo é saber se vestir com consciência e sustentabilidade.

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sábado, 21 de agosto de 2021

Artigo: Viajar ganha novo significado no pós-pandemia - Jornal Periscópio - inglês

Por Adonai Aires de Arruda Filho*

“Viajar! Perder países! / Ser outro constantemente, / Por a alma não ter raízes / De viver de ver somente!”, bradava Fernando Pessoa em um de seus poemas mais conhecidos, escrito em 1933. Quase 100 anos mais tarde, os versos do poeta se renovam em um espírito aventureiro que parece ser compartilhado por tantos de nós, depois de tantos meses impossibilitados de ver muito além dos metros quadrados de nossas próprias casas e apartamentos.

Uma série de estudos feitos em todo o mundo tem demonstrado que, conforme a vacinação avança, as pessoas começam a olhar novamente para além de suas esquinas. Isso se traduz em uma nova onda de buscas por passagens, hospedagens e passeios. Mas se engana quem pensa que tudo será como antes, porque as viagens pós-pandemia devem servir a propósitos muito mais profundos e duradouros que simplesmente “perder países”. Pesquisas nos Estados Unidos revelaram que ficar perto da família é a prioridade para a maioria dos entrevistados: 32% mencionam esse tipo de viagem como o mais importante.

Os efeitos de mais de um ano de conexões majoritariamente virtuais serão os propulsores de viagens à procura do afeto e do acolhimento humanos. Durante esse tempo, fomos capazes de compreender a importância da socialização para nossa saúde mental. Agora, prestes a ficarmos livres do necessário distanciamento social, procuraremos experiências que nos permitam fortalecer laços com aqueles que amamos.

Enquanto o Google registrou 131% de aumento nas buscas por viagens solitárias entre 2016 e 2019, neste momento, a tendência é outra. Estar perto, compartilhar risadas, paisagens e refeições, aproveitar a companhia de amigos e familiares podem parecer objetivos singelos, mas adquiriram um imenso significado para quem tem sentido o impacto da solidão na rotina do dia a dia, antes tão cheia de rostos e vozes.

Sentir-se só é um fardo ainda mais pesado para um povo como o brasileiro, acostumado aos apertos de mãos, beijos no rosto e abraços espontâneos. E essa não é uma observação empírica ou hipotética, mas uma estatística devidamente mensurada. O Instituto Ipsos ouviu mais de 23 mil pessoas em 28 países e descobriu que, no Brasil, metade das pessoas afirmam ter sentido solidão “muitas vezes”, “frequentemente” ou “sempre” ao longo da pandemia.

A procura por novas experiências que permitam esticar as pernas e expandir a mente – de preferência acompanhado – é, então, uma fagulha de esperança para muitos. Há, atualmente, uma atmosfera que é, ao mesmo tempo, de suspensão e expectativa. Mesmo com a vacinação a passos lentos no país, a demanda por viagens já começa a apresentar tendência de alta, até mesmo no Google Trends. O mesmo aconteceu no fim de 2020, quando o número de casos estava mais baixo e a Covid-19 parecia dar uma trégua, o que gerou um pico de pesquisas pelo termo “pacote de viagem”. Isso significa que estamos só aguardando condições seguras para nos lançarmos a jornadas de descobertas e coletividade.

Com o fim da pandemia, nossa necessidade de convivência pode nos levar por agradáveis caminhos rumo à reconexão com o próximo. Excursões em grupo, por exemplo, podem estar no horizonte de muitos de nós como uma forma de dividir essa maravilhosa sensação de estarmos novamente no mundo. Tomaremos pelas mãos quem nos é caro e os levaremos para ver e experimentar tudo aquilo de que fomos privados pelo vírus. Fomos todos transformados pelo trauma e pelos inúmeros sacrifícios que precisaram ser feitos em 2020 e 2021.

Não há como descolar nosso futuro dessas vivências que foram, em maior ou menor grau, dolorosas para todos. São justamente elas, portanto, que nos levarão a um novo estágio do nosso aprendizado enquanto seres sociais e ávidos por explorar novas fronteiras físicas e metafóricas. Vacina no braço, será hora de, descobrindo novos destinos e possibilidades, lado a lado com quem nos fez tanta falta durante esses tempos, reencontrarmos aqueles que somos de verdade.

* É diretor da Serra Verde Express, concessionária responsável pelo Trem Republicano.

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Um poema, uma polémica e uma reflexão: a identidade importa na tradução? - Máxima - Dicionário

A 20 de janeiro de 2021, Amanda Gorman tornou-se a mais jovem poeta a ler um poema na tomada de posse presidencial. Depois do discurso de Joe Biden, o 46.º presidente dos Estados Unidos da América, Gorman subiu ao palco e conquistou o país e o mundo. A eloquência, a cadência das palavras, os gestos, as hesitações e a força da mensagem da jovem negra de 23 anos (na altura 22) fizeram com que o vídeo se propagasse nas redes sociais em minutos.

Esse mesmo poema deu origem a um livro. A Colina Que Subimos - Um poema inaugural, chegou a Portugal pela Editorial Presença, numa edição bilingue, com tradução de Carla Fernandes. O livro, para oferecer, ler e reler, celebra a promessa da América e reafirma o poder da poesia. Mas mesmo antes de este chegar a território nacional já se desenrolava uma discussão sobre a obra – ou melhor, sobre a sua tradução. Quem deve traduzir Amanda Gorman?

O debate instalou-se a propósito da tradução do poema nos Países Baixos. A editora sugeriu e Gorman consentiu que Marieke Lucas Rijneveld, nome literário respeitado e premiado, fosse responsável pela tradução da obra para neerlandês. No entanto, a escolha de uma pessoa branca levantou dúvidas e duras críticas nas redes sociais e em meios de comunicação social. Não era tanto uma questão de cor da pele, mas de identidade, alegavam. Marieke Lucas Rijneveld, que recebeu o International Booker Prize em 2020, e que se identifica como pessoa não-binária, não usando pronomes masculinos ou femininos, acabou por abandonar o projeto poucos dias depois. "Dediquei-me com felicidade a traduzir a obra de Amanda, sendo o maior desafio manter o seu poder, tom e estilo. Contudo, estou ciente de que estou numa posição em que posso senti-lo e fazê-lo, na qual muitos não estão. Continuo a desejar que as suas ideias cheguem ao maior número de leitores possível e com corações abertos", disse em comunicado.

Carla Fernandes, tradutora da obra em Portugal, considera "muito necessário" o debate em torno da tradução do poema de Gorman. "Achei muito interessante a reação da Marieke Lucas quando se deparou com a questão e [de] se ter retirado ela própria. Ou seja, ela percebeu a dimensão da questão sendo uma pessoa não binária, pertencendo a um grupo que também ele é marginalizado. Ou seja, conseguiu entender de alguma forma a dor dessas pessoas e pensou ‘não, está na altura de dar espaço, ou de contribuir que esse espaço se crie’. Às vezes esta questão de dar espaço é um bocado paternalista, mas está na altura de nós contribuirmos para que se crie um espaço mais diverso", diz.

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Aqui ao lado, em Espanha, o tema também fez correr tinta. O catalão Víctor Obiols revelou que foi afastado da tradução do poema de Amanda Gorman por não ter "perfil certo", isto depois de já ter sido contactado pela editora para a tarefa. Obiols é um homem branco, de 61 anos, tradutor de autores como William Shakespeare ou Oscar Wilde.

Em Portugal, uma das primeiras traduções de The Hill We Climb foi a de Raquel Lima, investigadora em Estudos Pós-Coloniais, poeta de spoken word, mulher negra e ativista, a convite da Casa Fernando Pessoa, no início de fevereiro. Segundo o jornal Público, Lima estava em março a trabalhar "na tradução da primeira colectânea de poemas de Amanda Gorman a publicar em Portugal, com uma chancela ainda mantida em segredo". No entanto, o poema traduzido viria a ser removido da página da Casa Fernando Pessoa, deixando no seu lugar esta nota: "Trabalhamos há muitos anos com tradução e divulgação de poesia e respeitamos os direitos de autor de todos os envolvidos, poetas-criadores e tradutores (também eles criadores). Compreendemos o enquadramento e lamentamos que não possam legalmente circular nos próximos anos várias traduções, várias leituras de um mesmo poema. Agradecemos o trabalho desenvolvido pela poeta Raquel Lima."

`A Colina que Subimos - Um Poema Inaugural´, de Amanda Gorman, Editorial Presença
`A Colina que Subimos - Um Poema Inaugural´, de Amanda Gorman, Editorial Presença Foto: D.R

Mais tarde, viria a saber-se, a chancela detentora dos direitos da obra de Gorman seria a Editorial Presença e a tradução estaria a cargo de Carla Fernandes, mulher negra, tradutora, jornalista e programadora cultural. Em entrevista à Máxima, via Zoom, explica como foi desafiada para traduzir a obra de Amanda Gorman: "Fui indicada pela Raquel Lima, que é uma poeta negra e de poetry slam, ela é que me indicou para a Presença (...) A Raquel fez das primeiras traduções, e isso é meio poético também. Estava a ouvir uma entrevista da Amanda Gorman e ela fez-me muito lembrar este processo com a Raquel Lima. Ela disse algo como ‘it’s not about breaking through doors, it’s about keeping them open’. Não se trata de entrar pela porta da frente, mas mantê-la aberta para que os outros passem. Ela dizer isto é uma forma de estar".

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"Porque sabemos que a nossa inação e inércia/ Serão a herança da próxima/ geração" dizem os versos de Amanda Gorman. E, com o debate instalado, não houve espaço para inação nem inércia no mundo literário. "O facto de a Presença ter pensado em nós também reflete um pouco desses resultados de se ter levantado essa questão. Muitas vezes estas coisas não se fazem porque não se falam destas questões. E isso é um dos resultados da dita polémica. Acho muito mais produtivo termos resultados como estes, em que as editoras vêm, tocam-se e dizem ‘espera aí, nós não estamos a observar este aspeto, quem são as pessoas que temos para traduzir, podemos diversificar ou não a nossa equipa, trazer outros olhares para dentro da nossa equipa?’ Acho que cutucar a besta é importante nesse sentido. Não é só uma discussão. Acho que a discussão não ficou por ali. Espero que a polémica se traduza em atos, que aconteça uma transformação, que não tenha sido em vão", diz Carla Fernandes sobre um debate que há muito exigia espaço. O que defende está espelhado na sua biografia no site da rádio AfroLis, de que faz parte: "Traduzir não é apenas substituir uma palavra por outra. As palavras em diferentes línguas acarretam a história e estórias que identificam diferentes culturas. A cor da pele funciona da mesma forma que as línguas".

Será preciso ter a mesma cor para traduzir alguém?

"Se formos considerar que foi a própria Amanda Gorman a escolher uma pessoa não binária, mas branca, para fazer a tradução... Ela se calhar não tinha pensado nessa questão naquele momento", começa por dizer a tradutora dos três livros da poeta estadunidense a publicar este ano em Portugal, "mas uma vez que essa questão foi levantada vale a pena pensar nela e no que isso quer dizer. Porque não ter aqui uma janela de oportunidade e fazer disto mais do que uma tradução? Isto é mais que uma tradução. Não nos podemos apegar à parte técnica da coisa. Será que uma pessoa branca consegue traduzir um texto de uma pessoa negra? Não nos podemos agarrar a isso. A experiência cultural não pode ser descurada". O que está, então, na génese da opinião dos que defendem que deveria ser uma mulher negra a traduzir este poema inaugural? "O facto de pertenceres a um grupo, e não estou a falar de uma nação, estou a falar de pessoas negras aqui, estou a falar de mulheres. O facto de pertenceres a esse grupo dá-te algum tipo de sensibilidade para determinadas temáticas. O facto de fazeres poesia ou poetry slam, toda a gente viu como ela disse os poemas, no poetry slam tu dizes os poemas com o corpo. Faz sentido que esses aspetos sejam considerados. Estamos a falar de culturas que são transportadas com o corpo e a história das pessoas", resume.

Carla Fernandes pertence à Associação AfroLis, uma associação cultural que tem como um dos seus objetivos a promoção da expressão cultural de afrodescendentes. Entre uma das iniciativas da associação esteve a publicação de poemas de jovens afrodescendentes. "Quando me comecei a aperceber que devia contribuir mais para a questão antirracista, para a história das pessoas negras e criar espaço para que elas se possam expressar, quando me aproximei desse momento quase só leio autores negros, ultimamente", admite. "São os autores com os quais eu me identifico. Porque se eu estou a ler um poema e o cabelo é loiro e está a voar ao vento eu não sei bem qual é a sensação, mas consigo imaginar. Então leio essencialmente autores negros porque tenho ali uma proximidade", explica.

Carla Fernandes, tradutora da obra `A Colinha que Subimos´ em Portugal.
Carla Fernandes, tradutora da obra `A Colinha que Subimos´ em Portugal. Foto: D.R

Além da proximidade, da identificação imediata, há outro elemento em cima da mesa onde o tema da tradução está em discussão: a cultura. "As pessoas negras têm acesso a alguns termos, alguns dados históricos, porque elas vivem isso, porque elas procuram isso, elas leem sobre isso. Mais facilmente conseguem chegar a alguns significados e ter curiosidade para saber mais. Eu, por exemplo, quando li o poema ouvia Maya Angelou. And still i rise. Eu conseguia ouvir a Maya Angelou. Então tive curiosidade para ver ‘será que ela está mesmo aqui?’ Estava. Essa sensibilidade cultural é importante quando pensamos numa tradução. Não se esgota aí, mas é importante ser considerada", acredita. "Não vamos tapar o sol com a peneira e dizer que neste caso será que o tradutor é bom ou não. Não vamos esgotar a conversa aí. Trata-se de uma oportunidade de trazer esta discussão à baila e para trazer outros olhares sobre a literatura", acrescenta.

Uma questão estrutural

Aquando da polémica, no início do ano, a jornalista Isabel Lucas falou com diversas personalidades do mundo literário para um extenso artigo no Público. Margarida Vale de Gato, poeta, tradutora e professora de tradução literária na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, lamentava a falta de tradutores negros em Portugal. "Quando digo que não conheço nenhum tradutor literário negro, é estranho sobretudo para mim, que sou professora de tradução literária. Já tive alunos negros, não sei o que estão a fazer agora. Mas se calhar vou tentar acompanhar mais de perto e estar sensível a isto para equipar o maior número possível de pessoas diferentes a terem acesso à profissão", dizia.

"Há algumas áreas, principalmente o trabalho intelectual, em que as pessoas negras são menos presentes. Temos de falar do preconceito."

Para Carla Fernandes este é um exemplo de como a questão vai muito além da tradução e assume um caráter estrutural. "Eu acredito que existam poucos [tradutores negros]. Quando eu tirei o meu curso de tradução aqui em Lisboa eramos três na turma. Uma das minhas colegas, dessas pessoas negras, já não está a trabalhar em tradução, o outro trabalha de forma bem precária e eu trabalho in and out, mas tenho a sorte de ter trabalhado na Deutsche Welle, numa rádio internacional na Alemanha, e fiquei lá durante 6 anos e todos esses anos trabalhei em tradução, eram textos mais jornalísticos, mas também fazia radiodrama, escrevia e traduzi durante 4 anos", explica. Mas antes sequer de se falar da entrada no mercado profissional, há um preconceito, afirma Carla: "Há algumas áreas, principalmente o trabalho intelectual, em que as pessoas negras são menos presentes. Temos de falar do preconceito. Existe o preconceito de que a pessoa negra consegue fazer um trabalho braçal e mais facilmente encontramos pessoas negras aí, a outros níveis é difícil. É mesmo uma questão estrutural. (...). Ela [Margarida Vale de Gato] também se calhar deve ter pensado nos alunos que ela não teve, nos colegas professores universitários que ela não teve. Aí é que nós vemos que é um problema estrutural". Uma coisa parece evidente: não é uma questão da capacidade. "É de uma falta de honestidade enorme pronunciarmo-nos sobre situações deste género, em que em vários países do mundo temos uma dificuldade em encontrar pessoas negras que estejam em determinadas posições e decidir ou escolher dizer que isso é devido à incompetência desse grupo de pessoas espalhadas pelo mundo e não pensar em soluções para que isso mude. De que forma é que nos podemos intervir para que este quadro seja diferente?", insiste. Nas palavras de Gorman: "Vamos reconstruir, reconciliar e recuperar".

Porquê agora?

Está longe de ser a primeira vez que uma autora negra é traduzida por pessoas brancas. Chimamanda Ngozi Adichie, escritora nigeriana autora de títulos como Todos Devemos Ser Feministas, já foi traduzida por homens caucasianos e este questionamento sobre a importância da identidade na tradução não se sucedeu – ou não a esta escala. "Acredito que tenha sido o zeitgeist", justifica Fernandes. "Porque estas questões têm sido faladas em diferentes nichos, a luta antirracista, os grupos literários de pessoas negras, fala se sobre estas questões. Mas foi mesmo o fervilhar, o zeitgeist, neste momento em que as questões raciais estão cada vez mais à flor da pele, depois do George Floyd, tivemos a invasão ao Capitólio, o Trump esta vida toda... Há aqui um momento em que temos de pegar na situação e dizer ‘não, agora nós vamos tomar a liderança e vamos fazer assim, é necessário’".

Amanda Gorman com o seu livro `A Colina que Subimos´.
Amanda Gorman com o seu livro `A Colina que Subimos´. Foto: @amandascgorman

Em Portugal, houve já pelo menos um caso em que a discussão sobre o papel da identidade na tradução veio à tona. Foi não há muito tempo, com a obra Memórias da Plantação, de Grada Kilomba, escritora e artista negra portuguesa radicada em Berlim. Foi um caso "interessante", descreve Carla Fernandes e, apesar de não ter existido "uma polémica enorme", foi o suficiente para agitar águas no meio literário e convidar à reflexão. O livro, originalmente escrito em inglês foi traduzido em Portugal por Nuno Quintas, um homem branco (no Brasil a tradução esteve a cargo de Jess Oliveira, uma mulher negra e queer). "A Grada ficou satisfeitíssima com a tradução, mas ela teve a necessidade de escrever a carta da autora na edição portuguesa. E porquê? Porque este livro foi escrito em inglês, e a língua inglesa trabalha muito com o género neutro, e tem palavras problemáticas historicamente", diz Carla, exemplificando: "O black nem é tão problemático, mas é problemático no momento da tradução. Se fores a ver nós aqui em Portugal não tivemos o processo da N-word, negro, people of colour. Há vários termos que nós não conseguimos traduzir da noite para o dia, e se conseguirmos vai haver gente a saltar em cima de nós e a dizer ‘Porque é que estás a dizer ‘mestiço’, porque é que estás a dizer ‘mulata’?’ E nós utilizamos essas palavras porque não temos outros recursos. Então esta discussão sobre os vários termos já esta a ser feita e a Grada Kilomba registou isto de alguma forma. Ela sentiu incómodo quando leu as palavras em português e teve a necessidade de se justificar e de retificar ou arranjar soluções para poder ter esses termos no livro. Arranjou uma solução que não é definitiva, mas já indicou que isto aqui tem de ser falado, tem de ser discutido".

Para a tradutora da obra de Amanda Gorman, cujo poema tantos caracteres fez render no espaço mediático, é mais uma prova de que "traduzir não é só pegar numa palavra e colocar outra", e remata: "Esta sensibilidade cultural existe neste caso específico de pessoas negras, mas também de pessoas indianas... Neste livro ela [Kilomba] conseguiu problematizar esta questão, mas não foi uma polémica, ela não retirou o tradutor, mas sentiu a necessidade de ser ela própria a fazer este statement, considerando a tradução deste tradutor também. São questões difíceis, é um trabalho doloroso, mas tem de ser feito com abertura. Não é dizer ‘nunca nos quiseram aqui’. É preciso abrir a discussão e ser um bocadinho mais honesta".

"Vamos elevar este mundo de ferido/ a prodigioso", escreve Gorman.

Legenda do livro: A Colina que Subimos – Um Poema Inaugural, de Amanda Gorman, Editorial Presença

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sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Filmes cheios de significado para ver com seu filho quando ele está triste - Terra - inglês

Geralmente mais abertas e conectadas aos sentimentos do que adultos tendem a ser, crianças sentem e demonstram suas emoções de maneira mais genuína e intensa, sejam elas sensações positivas, como alegria e prazer, sejam as negativas, como medo, frustração e tristeza.

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Foto: IMDB/Divulgação / Bebe.com

É mais do que natural, portanto, que o seu filho ou filha também enfrente dias ruins e se sinta desmotivado às vezes, seja pelo motivo que for. Quando você perceber seu pequeno tristinho, vale lançar mão de alguns recursos na intenção de transformar ou amenizar o turbilhão de emoções dentro dele ou dela: preparar uma comidinha aconchegante, conversar abertamente e sem julgamentos, fazer planos possíveis e não economizar nos gestos de carinho são alguns deles.

Outra ideia é a de recorrer à ficção, por meio de filmes e séries de TV cheios de significado e lições de vida. Ao entrar em contato com essas histórias, a criança se sente representada, compreendida e, muitas vezes, passa a enxergar seu próprio momento de maneira mais gentil e consegue ressignificar sua dor.

A seguir, reunimos 8 longas-metragens infantis valiosos e que fazem parte dos principais serviços de streaming disponíveis no Brasil. Entre histórias de reconciliação familiar, autoconfiança e amizade verdadeira, estes filmes têm o poder de levantar o astral de qualquer criança (ou adulto). Boa maratona!

Viva - A Vida é uma Festa (2017)

Musical lançado pela Disney Pixar e ambientado no México, o filme conta a história do garotinho Miguel Rivera que, assim como seu ídolo Ernesto de La Cruz, tem o sonho de se tornar músico, mas sofre por não contar com o apoio dos pais para tal.

Um belo dia e de maneira não planejada, Miguel é transportado para a Terra dos Mortos, onde conhece o personagem Hector e, ao longo da narrativa, descobre um importante segredo sobre sua família.

Mais do que uma animação inspirada no feriado mexicano do Dia dos Mortos, 'Viva - a Vida é uma Festa' aborda temas como aceitação, valorização da família apesar das diferenças e a importância de não desistir dos próprios desejos. Spoiler: lágrimas vão rolar.

< Onde assistir: Disney+

Up - Altas Aventuras (2009)

Outro sucesso absoluto da Pixar, 'Up - Altas aventuras' é um dos filmes mais bonitos e sensíveis presentes na história recente dos estúdios.

O longa tem como protagonista o personagem Carl, um ex-vendedor de balões aposentado que, após enfrentar a morte da esposa Ellie, sua parceira de vida, decide seguir em frente com o maior desejo compartilhado por ambos: o de viver no chamado Paraíso das Cachoeiras, na América do Sul.

A partir daí, Carl passa a traçar maneiras de fazer a viagem acontecer, a principal delas por meio de um voo de balão. No meio do caminho, porém, ele acaba contando com a companhia (a princípio, indesejada) do escoteiro Russel, um garotinho que, no fundo, só estava à procura de um verdadeiro amigo.

A importância de mantermos os nossos sonhos vivos mesmo durante a velhice é uma das premissas do filme, que também ensina sobre amor, perdas, luto, valorização das amizades e o verdadeiro significado de família.

< Onde assistir: Disney+

Divertida Mente (2015)

Quem assiste 'Divertida Mente' é transportado imediatamente para o universo da personagem Riley, desde o nascimento até os seus 11 anos de idade, fase na qual a história se passa.

Mais do que conhecer sobre a garotinha do lado de fora, porém, o filme mostra como as emoções - aqui representadas pelos personagens Raiva, Medo, Alegria, Tristeza e Nojinho - atuam dentro de sua mente, e como todas elas "trabalham" e influenciam na rotina e comportamento da criança.

Inteligente, gostoso de assistir e muito mais complexo do que pode parecer, 'Divertida Mente' ensina, de forma leve, como os sentimentos podem influenciar quem a gente é, seja de forma positiva ou negativa, e o quanto é importante valorizarmos nossas emoções, todas complementares e igualmente relevantes.

< Onde assistir: Disney+

A Caminho da Lua (2020)

Com importantes lições sobre luto e recomeço, 'A Caminho da Lua' traz como protagonista a personagem Fei Fei, que passou toda a infância ouvindo de sua mãe a lenda da chamada Chang'e, a deusa da Lua.

Após sofrer com a morte da mãe, porém, Fei Fei decide valorizar o laço existente entre as duas, e provar para o restante da família que a história de Chang'e existe. É quando ela resolve construir sua própria nave espacial e embarcar em direção à lua.

As frustrações presentes tanto na infância quanto na adolescência também são abordadas no filme, bem como a importância de seguir em frente, seja qual forem as circunstâncias.

< Onde assistir: Netflix

A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (2021)

Bastante atual, cheio de memes e referências sobre tecnologia e modernidade, 'A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas' é tão divertido quanto relevante quando falamos sobre filmes para ver em família.

Na história, a adolescente Katie Mitchell, que vive em conflito com o próprio pai, não vê a hora de sair de casa e finalmente estudar cinema em uma faculdade longe da família. Na intenção de aumentar a conexão familiar, porém, o pai de Katie decide levá-la até a universidade, junto da esposa, do filho mais novo e do cachorro - mas os planos vão por água abaixo quando todos são forçados a sobreviver a um apocalipse causado pela tecnologia.

Além de ótimos momentos de aventura e de arrancar boas risadas, através da família Mitchell o filme proporciona importantes reflexões sobre confiança, aceitação e sobre valorizarmos quem a gente ama, apesar das diferenças.

< Onde assistir: Netflix

O Parque dos Sonhos (2019)

'O Parque dos Sonhos' conta a história de June, uma jovem imaginativa, que vê suas ideias mirabolantes ganharem força e apoio através de sua mãe, sempre presente. Só que tudo muda, quando a simpática matriarca adoece e June se vê perdida.

Muito frustrada e sem se dar conta de que está deprimida, a garota foge de uma excursão e se depara com um parque escondido na floresta, igualzinho ao que ela e sua mãe tinham idealizado. Por ali, por meio de metáforas potentes, ela vai se deparando com suas sombras e reorganizando seus sentimentos - e o próprio parque, completamente destroçado.

O filme é relevante ao abordar a depressão infantil de forma indireta e sutil - e como ela pode ser trabalhada resgatando a força interna do indivíduo.

< Onde assistir: Netflix

Operação Big Hero (2014)

A valorização das amizades, a importância dos recomeços e as diferentes formas de lidar com o luto são alguns dos aspectos de destaque encontrados em "Operação Big Hero", animação da Disney ambientada na cidade fictícia de San Fransokyo, uma mistura de São Francisco e Tóquio.

Na história, o inteligente garoto Hiro Hamada passa por uma tragédia familiar que faz com que seu caminho se cruze com o de Baymax, um robô simpático que, além de tudo, também é médico. Ao longo da narrativa, Baymax e Hiro se tornam bons amigos, criando uma relação de proteção e cumplicidade mútuas.

< Onde assistir: Disney+

Luca (2021)

Lançamento mais recente da Disney com a Pixar, 'Luca' chama atenção por uma série de elementos visuais, metáforas e lições valiosas. Ambientado na Itália, o filme conta a história de amizade entre os meninos Luca e Alberto, que além de garotos em busca da própria identidade são também monstros marinhos não aceitos pela sociedade local.

Mais do que um filme sobre um menino que deseja conhecer o mundo além das expectativas e medos dos próprios pais, 'Luca' representa uma ode às diferenças e à individualidade, mostra que o processo de autoaceitação não é imediato, mas possível, e o quanto nossos amigos são capazes de contribuir para a realização dos nossos sonhos e objetivos. Sensível e com paisagens de tirar o fôlego, o longa diverte na mesma medida em que emociona.

< Onde assistir: Disney+

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4 grandes mal-entendidos da História causados por erros de tradução - BBC Brasil - Dicionário

Aplicativos como o Google Tradutor são apontados como os responsáveis por nos trazer “um mundo sem a barreira da língua”.

Apesar de um ou outro deslize nas traduções oferecidas, esses apps nos dão uma ideia de um futuro no qual não teremos mais desentendimentos linguísticos – principalmente aqueles que acabam quase mudando o rumo da História.

Neste vídeo, Camilla Veras Mota reúne aqui alguns dos piores erros de tradução cometidos no passado, como um astrônomo que teria encontrado sinais de vida em Marte e um presidente americano manifestando seu desejo sexual por um país inteiro.

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Na dúvida? Veja 60 sugestões de nomes de meninas e o significado de cada um - Universa - inglês

Escolher o nome para um bebê é uma das decisões mais difíceis e importantes para qualquer casal, pois este nome fará parte da vida da família para sempre. Muitos casais, inclusive, começam a pensar em nomes para filhos antes mesmo de planejar uma gravidez.

Há pais que optam por escolher nomes de alguém da família ou de uma pessoa querida, como forma de homenagem, outros pensam mais nos significados e nas origens dos nomes. Alguns preferem nomes mais simples e comuns, outros mais exclusivos e únicos.

Para ajudar você nessa missão, Universa listou abaixo os nomes mais populares do Brasil, os que estão em crescimento, de origem italiana, hebraica, inglesa, indígena, entre outros. Descubra o significado dos principais e se inspire:

Nomes mais populares do Brasil

Maria

Soberana, aquela que é vista como pura, iluminada e amada. Segundo estudiosos, sua origem vem do hebraico e pode significar ainda "a vidente". Um dos nomes mais populares do Brasil.

Ana

Nome de origem hebraica, que quer dizer cheia de graça. Corresponde ao termo Hannah. Na tradição católica, é a mãe de Maria e avô de Jesus Cristo.

Francisca

Versão feminina do nome Francisco. Francisca possui origem latina e germânica. Significa aquela que vem da França. Também possui como significado de mulher otimista, tranquila e generosa.

Antônia

Antônia é uma versão feminina de Antônio, que vem do latim "Antonius". Significa aquela que é valiosa, sem preço. Pesquisas também apontam que origem pode vir do grego "antheos", que significa aquele que se alimenta de flores.

Adriana

Adriana significa aquela que é negra, escura ou morena. O nome tem origem da palavra latina "Adrianus", que significa aquele que vem de Ádria, uma cidade italiana rodeada pelo mar Adriático. O local recebeu essa denominação por conta da areia escura de suas praias.

Juliana

Versão feminina do nome Juliano. Na mitologia grega, é a filha de Júpiter. Representa uma pessoa de espírito jovem, cheia de energia, inquieta, impulsiva, emotiva e sensual.

Márcia

Márcia é uma variante do nome Márcio, que vem do latim "Marcius" que, por sua vez, deriva de "martius" e significa guerreiro. Esse nome está relacionado ao Deus romano da guerra, Marte. Por isso significa mulher guerreira que possui o poder da oratória.

Fernanda

Fernanda é uma variação do nome Fernando, que tem origem no termo germânico "Fredenando", que deriva de "Fridunanth". "Ridu" significa paz, enquanto "nanth" quer dizer ousar. Por isso o seu significado "ousada para conquistar a paz".

Patrícia

Nome de origem latina, surgiu do termo "Patricius", que significa nobre ou de classe nobre. Era um termo dado aos representantes da alta sociedade da antiga civilização romana. Até hoje o termo "Patricinha" é usado para se referir a alguém de muitas posses.

Aline

Aline surgiu do latim "Alyana". Acredita-se que o nome seja uma variação de Adelina, que tem origem no germânico "athal", com significado de nobre e "lind", que seria serpente. O termo também pode ter variado de Adélia. Significa pequena nobre.

Nomes em crescimento

Helena

O nome Helena vem do grego "Heléne", que significa tocha, e também do termo "hélê", que quer dizer raio de sol. Significa reluzente ou resplandecente.

Alice

O nome Alice tem origem germânica e deriva dos termos francês "Adaliz", "Alesia" e "Aliz". Significa doce e harmoniosa. Se tornou popular a partir do século XIX após a publicação do livro "Alice no País das Maravilhas", do autor Charles Lutwidge Dodgson.

Laura

O nome Laura é uma variação feminina de Lauro, que vem do latim "Laurus", que significa glória ou triunfo. Essa simbologia vem da antiga tradição romana de usar folhas de louro para fazer guirlandas para premiar guerreiros vencedores. Significa mulher vitoriosa e determinada.

Valentina

O nome Valentina é uma forma feminina do italiano Vantinus, que corresponde a Valentim no Brasil. O nome vem do romano "Valentinus", derivado do latim "Valens", que significa forte, vigoroso e saudável.

Heloísa

Heloísa é um nome de origem francesa Héloïse, que vem do germânico Helewidis. O nome é formado pela união dos termos "heil", que quer dizer são e saudável, e "wid", que significa larga.

Sophia

De origem grega, Sophia tem o sentido de sabedoria ou conhecimento divino. No Brasil, a grafia Sofia é mais comum. Também é o nome da catedral de Constantinopla (atualmente Istambul, na Turquia), construída em 537. Desde 1953 é um museu chamado Santa Sofia.

Maria Clara

Maria Clara é um dos nomes compostos mais populares do Brasil. Sua origem etimológica é latina e hebraica. Significa soberana iluminada ou vidente de luz.

Maria Júlia

Maria Júlia vem da junção dos nomes Maria e Júlia. O primeiro significa soberana, senhora ou vidente. Já Julia deriva do latim "Julius", derivado do grego "Ioulos", que significa "fofo" ou "macio" em referência aos pelos da face dos jovens. Juntos, o nome significa soberana meiga.

Maria Eduarda

Junção dos nomes Maria e Eduarda, Maria Eduarda significa soberana guardiã das riquezas. Possui origem hebraica e germânica.

Lorena

O nome Lorena tem duas possíveis origens: a primeira é que seria uma variação de Lorraine, que vem de um antigo sobrenome francês Lot-regne, que significa "reino de Lothar". Lothar é uma região no nordeste da França, que faz fronteira com Bélgica, Luxemburgo e Alemanha. Outra possibilidade é ser uma variação de Laurence, que vem do romano "Laurentius", que significava de Laurentum, cidade da Roma antiga. Lorena significa viajante e corajosa.

Nomes de origem indígena

Iara

Iara é um nome que vem do tupi-guarani e quer dizer beleza das águas ou senhora das águas. No folclore brasileiro, Iara é uma sereia que fica no rio Amazonas e tenta conquistar os homens. Aqueles que não resistem aos seus encantos, são levados para as profundezas da água e morrem afogados.

Jussara

Nome de origem tupi, significa palmeira que arde. Segundo os historiadores, essa denominação era utilizada pelos povos originários para marcar espinhos de uma palmeira que eram usados como agulhas para tecer. No entanto, essa árvore expelia um pó que causava bastante coceira na pele. Por essa razão, o nome Jussara foi dado à árvore.

Maiara

O nome Maiara tem duas possíveis origens. A primeira é que seria do tupi-guarani, com a junção dos termos "maya" (mãe) e "aryia" (avó). Portanto, seria a mãe da avó ou bisavó, representando uma pessoa extremamente sábia. Outra possível origem viria da tribo uapixana, que usava o termo "maiáre" para designar os bichos.

Tainá

Tainá surgiu do tupi-guarani "tainã", que quer dizer literalmente estrela, para se referir ao corpo celeste esférico e luminoso que vemos à noite nos céus.

Thaynara

Thaynara é considerada uma variante de Tainá, que vem do tupi-guarani "tainã". Quer dizer estrela.

Nomes de origem hebraica

Anita

Variação espanhola de Ana, nome de origem hebraica, que quer dizer cheia de graça. Corresponde ao termo Hannah. Na tradição católica, é a mãe de Maria e avó de Jesus Cristo.

Betina

Forma reduzida de Elisabete, que vem do hebraico "Elishebba", que significa Deus é juramento. Betina significa promessa de Deus ou consagrada por Deus.

Daniela

Daniela é a forma feminina de Daniel, que significa Deus é quem me julga ou Deus é o meu juiz. Vem do hebraico, composto pelos termos "Dan", que quer dizer juiz, e "El, que significa Deus.

Rafaela

Rafaela é a variação feminina de Rafael, que vem do hebraico e significa Deus cura. Significa mulher forte, vigorosa e aquela que recebeu a cura de Deus.

Tamara

Acredita-se que o termo tenha origem hebraica, pois seria uma derivação de "Thamar", que quer dizer alta palmeira. Outra possível origem é bíblica, pois nas escrituras existe menção a uma mulher chamada Tamar.

Nomes de origem inglesa

Carla

Forma feminina do nome Carlos, que vem de uma expressão do inglês antigo "ceorl", que indicava um homem livre ou viril. A versão feminina passou a ser associada a mulheres independentes e de personalidade forte. Karla e Carlota são algumas variações.

Deise

O nome vem do inglês Daisy e significa "olho do dia". Isto porque Daisy, atualmente, é como nos referimos às margaridas-do-campo. No inglês antigo, o nome da flor era olho do dia por causa do seu miolo amarelo forte, que lembra o Sol.

Eduarda

Significa guardiã da riqueza. O nome Eduarda é oriundo do germânico Hadaward, composto pelos elementos "ead", que fala sobre riqueza ou bens, e "ward", cujo significado é aquele que guarda ou protege.

Shirley

Significa a que debate, a que questiona e que está sempre alerta. Shirley é um nome que deriva de palavras do inglês arcaico. Uma delas se refere ao local onde homens debatiam as necessidades do povo em assembleia; já outra teria a ver com o homem que era líder da família e da comunidade. Shirley já foi sobrenome e depois foi nome masculino. Somente em 1849 é que Shirley passou a ser usado para meninas, devido a uma novela escrita por Charlotte Brontë.

Vanessa

Nome de um tipo de borboleta. Não era um nome feminino comum, até que o escritor inglês Jonathan Swift criou um poema em 1713 chamado "Cadenus and Vanessa" para uma de suas amantes, Esther Vanhomrigh. Vanessa seria uma referência secreta, já que usa as três primeiras letras do sobrenome de Esther, acompanhada das duas primeiras letras de seu nome.

Nomes de origem espanhola

Carmen

Este nome tem origem do hebraico Carmel, que quer dizer "vinha frondosa". Carmen é o nome da última (e mais famosa) ópera do compositor Bizet, escrita em 1875. Carmem é uma variação bastante comum.

Dilma

Significa mulher encantadora, íntegra e leal. É considerado uma variação brasileira do nome Delma, que significa "do mar".

Dulcineia

Significa mulher de temperamento dócil. Variante de Dulce, esse é o nome da amada de "Dom Quixote", na obra clássica de Miguel de Cervantes. O livro foi publicado pela primeira vez em 1605.

Mercedes

Versão espanhola para Mercês, que significa misericórdia. A cantora argentina Mercedes Sosa foi uma das grandes precursoras deste nome, pois ficou conhecida devido às suas canções de protesto.

Socorro

Aquela que gosta de ajudar as pessoas, que socorre. Esse nome também é atribuído à santa Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, conhecida como "A Virgem da Paixão" e "Mãe de Deus da Paixão".

Nomes de origem italiana

Bianca

Nome que significa "de uma brancura que chega a brilhar". Vem da tradução do italiano para a palavra "branca". Acredita-se que o nome tenha sido utilizado pela primeira vez no século XVI, devido a influência dos trabalhos de William Shakespeare. Bianca é o nome de uma das personagens de "Othelo" e "A Megera Domada".

Gianne

Forma feminina de Gianni, que deriva de João, que vem do hebraico Yehokhanan. Significa agraciada por Deus, presente de Deus e a graça e misericórdia de Deus.

Giovana

Versão italiana para o nome Joana, versão feminina de João, que vem do hebraico Yehokhanan. Significa agraciada por Deus, presente de Deus e a graça e misericórdia de Deus.

Pietra

Feminino de Pietro, forma italiana de Pedro. Significa pedra, dando o sentido de forte e fortaleza.

Rita

É uma variação do nome italiano "Margherita", que também deu origem ao nome Margarida. A origem do nome é do latim e significa pérola. Significa mulher iluminada, talentosa e que espalha alegria.

Nomes de origem grega

Alessandra

Defensora da humanidade e protetora dos homens. Alessandra é a versão feminina do nome Alexandre, que vem do grego "Aléxandros", que une o verbo "aléxo" - que significa defender ou proteger - com a palavra "andrós", que significa homem.

Catarina

Deriva da palavra grega katharos, que quer dizer pura. Foi um nome muito popular na Europa durante a Idade Média, principalmente na realeza com Catarina de Médicis (França) e as imperatrizes Catarina I e Catarina II (Rússia). Existem ainda 13 santas católicas com esse nome.

Daphne

Vem de loureiro, a árvore que dá louro. Na mitologia grega, Daphne era o nome de uma ninfa que foi atingida por uma flecha de chumbo, que a fez rejeitar o amor do deus Apolo. Cansada de fugir do seu perseguidor, ela pediu para que seu pai a ajudasse. Ele, então, a transformou em um pé de louro.

Melissa

Significa abelha. Segundo a mitologia grega, Melissa era uma ninfa que descobriu e ensinou o uso do mel. Era também responsável pela educação do bebê Zeus.

Penélope

Símbolo de mulher fiel e virtuosa. Na mitologia grega, é a esposa de Ulisses. Após ser chamado para a Guerra de Troia, Penélope ficou anos sem saber se seu marido estava vivo ou morto. Seu pai então sugeriu que ela se casasse novamente. Penélope aceitou, com a condição de que se casaria apenas após tecer um sudário para Laerte, pai de Ulisses. De manhã tecia o sudário e, à noite, secretamente desmanchava o trabalho. Foi assim até suas servas a denunciarem.

Nomes compostos

Maria Luiza

Maria Luiza é um dos nomes compostos mais populares do Brasil. Sua origem vem do germânico e do hebraico. Luiza é uma variação feminina de Luiz, que vem do germânico "Chlodovech", que significa ilustre guerreiro. Maria Luiza significa senhora das batalhas ou guerreira virtuosa.

Ana Clara

O nome Ana Clara possui duas origens diferentes, já que se trata de um nome composto. Ana vem do hebraico "Hannah", que quer dizer cheia de graça. Já Clara vem do latim "Clarus", que significa claro, ilustre ou brilhante.

Ana Luiza

Também entre os principais nomes compostos do Brasil, Ana Luiza tem origem hebraica e germânica. Vem de "Hannah", que quer dizer cheia de graça, e "Chlodvech", que significa ilustre guerreira. Ana Luiza então tornou-se então guerreira famosa e graciosa.

Ana Júlia

Ana Júlia vem da junção dos nomes Ana e Júlia. Como já vimos, o primeiro significa cheia de graça, e o segundo deriva do latim "Julius", derivado do grego "Ioulos", que significa "fofo" ou "macio" em referência aos pelos dos jovens. Juntos, o nome significa moça graciosa.

Ana Beatriz

Ana Beatriz é a junção de termos que possuem origem hebraica e latina. Significa mulher cheia de graça ou viajante cheia de graça. Beatriz deriva do latim "Beatrice", que vem do termo "viatrix", que significa viajante. Também pode derivar do latim "beatus", que qier dizer aquela que faz feliz.

Nomes de origem africana

Iemanjá

Senhora do mar. Em religiões de matriz africana, é a orixá das águas salgadas e considerada mãe de todos os adultos e dos outros orixás. Seu nome tem origem no idioma iorubá, que significa "mãe cujos filhos são como peixes".

Késia

A favorita. Segundo etimologistas, esse nome possui um sentido religioso por ter sido mencionado no Antigo Testamento como uma das filhas de Jó.

Latifa

Significa sempre gentil, sempre agradável e bondosa. Sempre gentil, sempre agradável. Nome de origem árabe, versão feminina de Latif.

Naila

Naila é um nome de origem árabe, cuja grafia mais comum é Najla. Significa literalmente "mulher cujos olhos são grandes" e "mulher de olhos bonitos e expressivos". Trata-se de um nome popular entre sírios e libaneses.

Selma

Há duas possíveis origens. Em uma delas, acredita-se que Selma seja uma variante do nome árabe Salma, que significa "em quem se pode confiar". Outra possível origem é germânica. Selam seria uma versão mais curta de Anselma, que significa "mulher que está protegida pelos deuses".

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