sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Uma vida com significado requer sonhos e propósitos - Valor Econômico - inglês

Colunista reflete que a sociedade “vive num estado de pânico de não chegar a ter o que deve ter para chegar a ser" — Foto: Pexels

Colunista reflete que a sociedade “vive num estado de pânico de não chegar a ter o que deve ter para chegar a ser" — Foto: Pexels

O aumento dos índices de longevidade tem apresentado uma série de novos desafios, e não apenas para os que ultrapassaram a faixa etária dos 70 anos. O tema merece ser incluído nos encaminhamentos de vida da população mais jovem ou na meia idade.

E, cada vez mais, devem fazer parte integral dos currículos escolares, nos diálogos dentro da família, nos programas de orientação para a vida e suas diferentes etapas, e tantas outras formas de orientação para uma existência com significados.

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Registre-se que não estamos aqui nos referindo apenas a questões relativas a temas como saúde, preparo físico, reservas financeiras, preservação da autoestima, relações familiares e sociais ou espiritualidade.

E vale considerar que o ideal é tratar deste tema desde o início propriamente da vida, para que as pessoas sejam orientadas a considerar que sonhos e propósitos estão se tornando parte importante no encaminhamento das suas vidas. O que pode apresentar melhora nos resultados de satisfação pessoal.

Mas é bom também lembrar que os desafios se apresentam, para cada nova etapa da vida, de formas diferentes, a ponto de que muitas das soluções anteriores já podem não apresentar grande utilidade.

Uma parte das reflexões acima colocadas teve como fonte de provocação a leitura de dois livros que abordam algumas dessas inquietudes. Estou me referindo a “A decisão de que o mundo precisa”, de autoria de Celso Grecco, e “O palhaço e o Psicanalista” de Cristian Dunker e Cláudio Thebas.

O primeiro busca provocar no leitor o impulso de sair da indiferença e realizar algo pelo futuro, tanto individual como da sociedade.

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Já o segundo está centrado na ideia de mesclar experiências, testemunhos, casos e reflexões filosóficas, em que os autores compartilham o que aprenderam sobre a arte da escuta, que segundo eles é “um tema tão urgente e atual, onde ninguém mais se escuta”.

Segundo Grecco, e com base em uma pesquisa realizada pela Universidade Harvard com jovens estadunidenses que investigou quais eram seus objetivos de vida, 80% dos entrevistados responderam “ficar rico”. Desses, a metade acrescentou “ser famoso”.

Ainda segundo ele, “no Brasil e em outros países como a Inglaterra, investigações similares apontaram para um resultado ainda mais preocupante. É expressivo o número de jovens que não consegue traçar um objetivo de vida. Quando o fazem, não vão muito além de respostas genéricas como ‘ser feliz’ ou ‘ter estabilidade financeira’, sem, no entanto, saberem o que fazer para alcançar isso”.

Já no livro “O palhaço e o psicanalista” encontramos uma constatação digna de nota, ao afirmarem que “diante da incômoda pergunta sobre o que nós ‘somos’, as pessoas se escondem atrás das tarefas e dos caminhos necessários para termos não apenas bens materiais, mas também simbólicos: roupas, carros, títulos e cargos”. Como diz Eduardo Galeano, a sociedade “vive num estado de pânico de não chegar a TER o que deve ter para chegar a SER”. E acrescentam que “o palhaço faz rir pelo que ele é, não pelo que ele tem”.

Dentro desta mesma ideia não posso de recomendar um autor bem mais antigo, Erich Frohm, com seu excelente livro “Ter ou Ser”, dos anos 60.

Enfim, outra vez nosso propósito é apenas fazer provocações para que cada um busque aquilo que lhe agrega sentido. Mas com o cuidado de compreender que esta busca deve ser renovada a cada dia e as novas etapas de vida que vão surgindo, com exigências de reinvenção permanente. Agora mais desafiadoras pelas possibilidades de uma vida mais longa.

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