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Nos jogos, a essência fundamental do que significa ser humano é tratada de maneira estilizada, ritualizada e performática
Há mais de duas décadas, Frank Lantz ensina design de jogos na Universidade de Nova York, onde ajudou a criar o NYU Game Center e foi o primeiro chefe do departamento até 2021. Em 2020, ele desenvolveu o jogo de tabuleiro “Hey Robot” em colaboração com sua esposa e filho.
A seguir, Lantz compartilha cinco ideias principais de seu novo livro, “The Beauty of Games” (A Beleza dos Games).
1. Trazendo os games para o debate
Apesar de consumirem muito do nosso tempo, atraírem a atenção de milhões de pessoas e terem se tornado um enorme mercado, os games não parecem estar muito presentes nas conversas sobre coisas importantes – como nos definimos, vemos o mundo e projetamos nosso futuro enquanto sociedade. Literatura, cinema, pintura, música; cada um deles tem sua própria forma de contribuir para o debate.
Os games, por outro lado, têm dificuldade em entrar na conversa. Eles podem ser tão complicados, envolventes e fascinantes que muitas vezes parecem ter seu próprio mundo separado.
Mas são mais do que apenas parte de uma cultura pop divertida. Assim como as outras formas de arte, eles têm ideias, conceitos, insights e perspectivas para oferecer. Têm muito a nos dizer sobre o mundo.
2. Os games são a arte do software
Muito antes de existirem computadores, os games já estavam aí, sonhando com eles. E assim que os trouxeram para o mundo, logo começaram a levantar questões fundamentais: para que servem os computadores? O que eles significam? O que queremos deles?
Com os games, relaxamos e deixamos nossos corações nos lembrarem de quem realmente somos.
Agora que a computação se tornou parte das nossas vidas, essas perguntas são mais importantes do que nunca. O que significa ver o mundo como um sistema, um espaço cheio de possibilidades definido por limites, recursos e objetivos?
Como um determinismo simples se transforma em complexidade irreversível? Onde as leis da matéria encontram a experiência da mente? O que faz esse botão?
Os games são a arte que conecta a máquina lógica de causa e efeito às maravilhas do desejo e do sonho.
3. Música, não cinema
Quando falamos sobre games como obras estéticas que têm algo a nos dizer sobre a vida e o mundo, geralmente é através da lente conceitual do cinema e da história. Como os videogames são visualmente espetaculares, tendemos a tratá-los como uma forma de cultura de tela. Mas focar apenas em seus aspectos visuais empobrece e esvazia o debate.
Compará-los com música é uma analogia muito mais apropriada. Assim como os games, a música tem uma relação mais leve, mais complementar com a representação, com a imitação da realidade e com a história.
Ela envolve participação, sincronia, canções que aprendemos, instrumentos que estudamos para tocar, ritmos que organizam e criam um padrão para a nossa percepção, bem como as diferentes partes da nossa atenção individual que se entrelaçam em rituais compartilhados de atividade coordenada.
Como a música, a beleza dos games pode ser difícil de enxergar. Às vezes, é preciso fechar os olhos e sentir.
4. Tornando o pensamento visível
Quando você joga, está aprendendo e se observando aprender. Nos jogos, a essência fundamental do que significa ser humano – ser um tipo particular de processo cognitivo, ser um agente no mundo, tomar decisões, resolver problemas, correr atrás de objetivos – é tratada de maneira estilizada, ritualizada e performática.
Através deles, conseguimos nos afastar um pouco da vida, olhá-la, apreciá-la e, ao mesmo tempo, mergulhar nela por algum tempo, nos entregar, escapar. É uma dança curiosa, às vezes desengonçada, na qual ficamos imersos no ato de pensar e agir.
5. Games e inteligência artificial
Os games não apenas têm a oportunidade, mas também a responsabilidade de ajudar a humanidade a entender e
Quando você joga, está aprendendo e se observando aprender.
navegar pelo momento histórico em que vivemos. O que são computadores? O que é pensamento? O que é conhecimento, resolução de problemas e criatividade? O que os computadores significam? O que queremos deles? O que há de bonito neles?
Com os games, relaxamos e deixamos nossos corações nos lembrarem de quem realmente somos. Precisamos fazer, jogar, pensar e falar sobre games com essas perguntas em mente.
Devemos usar nossas experiências com eles para encarar os problemas e promessas da inteligência artificial de uma maneira que nos ajude a moldar o futuro da melhor forma possível.
Este artigo foi publicado originalmente na revista "Next Big Idea Club" e reproduzido com permissão. Leia o artigo original.
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