sexta-feira, 5 de abril de 2024

Tradutores e escritores portugueses exigem medidas contra a IA às editoras nacionais - NiT New in Town - Dicionário

Que a inteligência artificial (IA) veio para ficar, ninguém tem dúvidas. O leque de possibilidades aberto pela nova tecnologia é tão vasto como avassalador, o quem dado origem a inúmeros alertas sobre os perigos da sua utilização indiscriminada. O mais recente chegou sob a forma sobre a forma de uma carta aberta publicada esta sexta-feira, 5 de abril, no jornal “Público”.

A mensagem sublinha os avanços nos campos da tradução e da escrita de livros, bem como os desafios significativos que têm colocado aos profissionais dessas áreas, particularmente em Portugal. A missiva destinada à nova ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, e ao público geral, é assinada por mais de 60 tradutores, escritores, editores e livreiros portugueses.

O grupo inclui nomes como os escritores Afonso Reis Cabral, Manuel Alegre, Luísa Costa Gomes, Richard Zenith, Dulce Maria Cardoso, Richard Zimler; os professores universitários e historiadores Diogo Ramada Curto e António Araújo (Fundação Francisco Manuel dos Santos) e os editores Bárbara Bulhosa (Tinta-da-China), Carlos Vaz Marques (Zigurate), Dinis Machado (Poets and Dragons Society) Francisco José Viegas (Quetzal), Isabel Minhós Martins (Planeta Tangerina), Maria do Rosário Pedreira (Leya), Rosa Azevedo (Snob), Rui Couceiro (Contraponto) ou Vasco Santos (VS).

A tradução de livros feita essencialmente com recurso a programas de inteligência artificial (ChatGPT, DeepL) tem sido uma prática cada vez mais utilizada em certos sectores do meio editorial português, sem que isso seja sequer tornado transparente aos leitores”, começa por apontar o texto. 

Embora considerem normal” o recurso a programas de tradução automática, a ocultação do seu uso quase exclusivo, que transforma os tradutores em revisores de linguagem gerada por máquinas, não pode ser ignorada”, realçam os subscritores. 

Em “muitos casos”, as fichas técnicas não indicam o título original da obra, a língua a partir da qual foi feita a tradução, nem os nomes dos tradutores e revisores. Muitos livros traduzidos por esses instrumentos desrespeitam os códigos de autor, infringindo regras editoriais elementares”, acusam os profissionais.

Outras das consequências “lamentáveis para os leitores” é a “inegável regressão na qualidade das obras”, devido às caraterísticas do processo de tradução que “obriga a decisões e escolhas interpretativas altamente variáveis”. No patamar de desenvolvimento em que se encontram atualmente, estas ferramentas não captam nuances culturais e linguísticas, exigindo um cuidadoso trabalho de revisão e edição. Porém, este nem sempre é feito — o que contribui também para “agravar uma situação já de si precária” destes profissionais. 

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