sábado, 8 de outubro de 2022

“Missas eram jogos e padres eram árbitros”: Adão Mendes confirma significado de códigos usados nos emails - Correio da Manhã - inglês

"As missas eram os jogos e os padres eram os árbitros." Adão Mendes, antigo observador da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga de Clubes, confirmou esta sexta-feira em tribunal o significado dos nomes de código utilizados em vários emails que acabaram divulgados num programa do Porto Canal. Quando se referia à "juventude operária", esclareceu que falava das "camadas jovens". Já sobre quem era o "primeiro-ministro", invocou lapsos de memória, mas acabou por confessar que era Luís Filipe Vieira, antigo presidente do Benfica. "Em 1990 ainda se falava assim. Tenho muito respeito pelos padres, até vou à missa quase todos os dias", concluiu.

Chamado a testemunhar no julgamento da divulgação dos emails do Benfica, Adão Mendes foi confrontado com o conteúdo de vários emails trocados com Pedro Guerra e Paulo Gonçalves, antigo assessor jurídico do Benfica. Sobre a declaração "quem nos prejudicar sabe que é punido", Mendes admitiu estar a referir-se ao Benfica, revelando que Paulo Gonçalves chegou a pedir-lhe opinião sobre quais os árbitros candidatos a assistentes da Liga que mais mereciam ser promovidos. A testemunha afirmou também que se sentiu "roubado" e que os emails foram alterados e descontextualizados quando foram divulgados por Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto e um dos arguidos do processo. "Algumas coisas que foram ditas não estavam escritas e outras não eram verdade. A ordem dos emails era trocada", explicou.

Na mesma sessão, que decorreu no Campus de Justiça, em Lisboa, foi ouvido Mário Figueiredo, antigo presidente da Liga, que referiu que os emails divulgados no programa foram "selecionados e pretendiam mostrar que era o Benfica dominava o mundo do futebol". Uma ideia que, para o antigo líder da Liga, é o inverso: "Era o Futebol Clube do Porto que dominava."

PORMENORES
"Apaga tudo"
Adão Mendes também explicou porque escreveu a célebre frase "apaga tudo" nos emails: "Talvez por ingenuidade. Não sou suficientemente burro para mandar apagar tudo porque sei que isso não valia de nada."

"Vais à missa?"
"Era injusto os fiscais de linha não saberem para onde é que iam e eu tinha de lhes dizer, apesar de ser confidencial. Perguntavam: domingo onde é que vais à missa? Sabes quem é o padre que vai fazer a missa a Braga?", disse Adão.

Landim admite ser sócio
Carlos Landim, jurista que elaborou o parecer da Entidade Reguladora da Comunicação Social que censurou a ação do Porto Canal, admitiu em tribunal ser sócio do Benfica e acionista "simbólico" da SAD encarnada.

Apelida Marques de mentiroso
Durante o depoimento em tribunal, Adão Mendes acusou Francisco J. Marques de mentir em relação a declarações que fez sobre o seu filho Renato. "O Francisco J. Marques disse na televisão que o meu filho [árbitro assistente] subiu, subiu, subiu… Senti-me atingido com essa mentira, porque o meu filho só chegou ao terceiro escalão", disse, acrescentando que este "reprovou logo na primeira prova para árbitro assistente".

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