quarta-feira, 18 de outubro de 2023

“Do visível para o invisível, do significante para o significado” - Voz Portucalense - inglês

Por João Alves Dias

Meus pais sempre me ensinaram que ‘Ser educado é saber ocupar o lugar’, ou seja, adequar o comportamento à circunstância.

Vem isto a propósito do texto ‘A igreja é para todos, mas não para tudo’ que, tempos atrás, vi afixado à porta da igreja de Santo Adrião, em Braga.

– “Um dos valores matriciais da convivência é o respeito. Deste respeito não hão-de ficar de fora o espaço sagrado e os actos sagrados. Nem será preciso invocar normas. Bastará seguir o bom senso.

– Todos sabem que a experiência religiosa é, por excelência, uma experiência de escuta. Daí que o ambiente no espaço sagrado deva primar pelo silêncio.

– Quem tem fé compreenderá com facilidade. E quem não tem fé também perceberá sem dificuldade. É por isso que se pede que, antes das celebrações e como ambientação, haja silêncio na igreja, na sacristia e até à volta do templo.

– Sei que não é por mal, mas nos últimos tempos, chega-se a uma igreja e o que avulta é o ruído. A vontade de conversar sobrepõe-se ao direito de meditar. Parece que se pode falar com todos, menos com Deus. Parece que se ouve toda a gente, menos a voz de Deus.

– Sobra, ainda, um problema para quem tem a missão de conduzir o povo de Deus. Se intervém, arrisca-se a ser incompreendido e até maltratado. Se não intervém, acaba por consentir o que não pode aprovar. Ou seja, é uma situação sempre delicada.”

Face a esta ‘situação sempre delicada do celebrante’, invoco dois exemplos:

O primeiro foi-me dado, no verão passado, pelo pároco de Santa Maria de Lagos que abrevia a homilia e reserva uns cinco minutos, no fim da Missa, para fazer uma breve catequese litúrgica. No dia em que lá estive, explicou como ‘comungar na mão’: “A mão esquerda pousa sobre a mão direita; aguarda que o ministro pouse a hóstia na sua mão esquerda, e então, com a mão direita, leva-a à boca e comunga sem sair do local”.

O segundo, recebi-o da Irmandade das Almas de S. José das Taipas do Porto que me enviou um email que, com vénia, abrevio:

“Conhecemos pouco sobre a estrutura e significado da Missa.

É um problema universal que levou o Papa Francisco a dedicar um ciclo de catequese à Missa.

Por isso, um grupo de irmãos começou uma Catequese Geral organizada em 22 passos semanais. Em cada semana, um passo que corresponde a um texto.

Segue o Sumário para ficarem com uma visão geral.

CAPÍTULO I –  Início catequese sobre a Missa – A Missa é oraçãoO valor da Missa.

CAPÍTULO II – Ritos de Entrada –  Acto Penitencial – A Glória.

CAPÍTULO III –  Liturgia da PalavraO EvangelhoProfissão de Fé.

CAPÍTULO IV – Liturgia EucarísticaOração EucarísticaPai NossoComunhão.

Quem quiser seguir este esquema das catequeses do Papa Francisco, pode pesquisar no Google ‘Catequeses sobre a Missa’.

Quando se inicia um novo ano catequético:

. Cito a teóloga Cettina Militello ((7 Margens, 21/7/2023): “Acredito que para a maioria das pessoas, a linguagem das nossas liturgias é no mínimo estranha, (sendo) incompreensíveis antigas e belas metáforas…Seria preciso pelo menos um tradutor.”

. E pergunto:

Os ritos dos sacramentos, a começar pela Eucaristia, não poderiam ser um tema a considerar na preparação das celebrações dominicais?

A catequese litúrgica visa introduzir no mistério de Cristo (ela é ‘mistagogia’), partindo do visível para o invisível, do significante para o significado, dos sacramentos para os mistérios”.

Nós, batizados, recebemos o kerygma – o anúncio do mistério de salvação – de que falou o Papa Francisco, na investidura dos novos cardeais (30/9/2023), mas precisamos e gostamos de ser catequizados.

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