sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Morreu Robert Irwin, o artista que dava novos significados ao espaço - Público - inglês

Robert Irwin, expoente do movimento Luz e Espaço na arte (Light and Space, em inglês), morreu na quarta-feira num hospital da Califórnia, nos Estados Unidos. A morte, causada por insuficiência cardíaca, foi confirmada por Arne Glimcher, fundadora da Galeria Pace, onde Irwin expunha os seus trabalhos desde a década de 1960. Tinha 95 anos.

Irwin desafiava os visitantes das suas instalações através de estruturas que não pareciam estáticas, que muitas vezes davam a impressão de estarem em constante transformação, conforme o ângulo a partir do qual eram observadas. Nesse processo, até durante a montagem das instalações, o artista californiano alterava a arquitectura dos locais. Irwin só permitiu que as suas obras fossem fotografadas a partir do final dos anos 1970.

Descrevia o seu trabalho como uma investigação da percepção humana, que tinha uma natureza temporária, não sendo concebido para permanecer de forma fixa em qualquer galeria. Nem por isso deixou de moldar perpetuamente a paisagem de cidades importantes.

Em Los Angeles, em 1997, inaugurou o jardim do Getty Center, um dos mais importantes complexos culturais desta cidade. Em Nova Iorque, em 2003, assinou os planos para o museu Dia Beacon. No Brasil, em 2019 montou a obra Sem título no Instituto Inhotim, uma obra composta por placas de cimento, aço inox e vidro artesanal, que formam uma espécie de círculo, por onde os visitantes que chegam ao ponto mais alto da área do Inhotim podem andar. A estrutura octogonal tem, no topo de cada parede, vidros triangulares amarelos e texturizados. Com a incidência da luz solar, há um jogo de luz que varia conforme a hora do dia em que a obra é observada, reforçando a natureza mutável das esculturas e instalações de Irwin.

Irwin nasceu em Long Beach em 1928, filho de pai empresário que viu os negócios da família afundarem durante a Grande Depressão da década de 1930. O artista teve a primeira oportunidade para mostrar o seu trabalho em 1958, com uma exposição na Galeria Ferus, a mesma que ajudou a lançar Andy Warhol. Ainda nos anos 1950, Irwin trabalhava em pintura expressionista, tendo passado a dedicar-se à escultura na viragem para a década de 1960. Ganhou projecção em 1970, quando foi convidado para reformular uma área inteira do MoMA, Museu da Arte Moderna de Nova Iorque - trabalho a que se dedicou até nos pequenos detalhes, com uso de uma iluminação distinta da anterior.

Algo semelhante aconteceu em 1975, quando o Museu de Arte Contemporânea de Chicago o incumbiu de transformar uma das suas salas. Antes vazia, a sala foi transformada com o uso de fita adesiva preta.

Irwin era casado com Adele Feinstein Irwin e tinha uma filha, Anna Grace Irwin.

Exclusivo PÚBLICO/Folha de São Paulo

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