sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Comissão Europeia inclui dose de reforço no certificado e revê significado de vacinação completa - Observador - inglês

Por fim, tendo em conta a perda de imunidade ao fim de cinco ou seis meses (ou, pelo menos, a diminuição da quantidade de anticorpos) nos idosos, Portugal e muitos países da Europa começaram a reforçar a vacina nos mais velhos, acima dos 65 anos (ou até mais cedo — já há países a administrar a pessoas com mais de 60). A vacinação completa continua a seguir a definição descrita em cima e esta terceira dose é considerada apenas um reforço à imunização primária.

E é aqui que perde o sentido falar de vacinação completa, o que interessa é que as pessoas estejam protegidas. “O que acontece nos idosos que já foram vacinados há mais tempo e pode haver uma necessidade de reforço para retomar este estado de proteção [tal como se faz o reforço da vacina do tétano]”, explica o médico Luís Graça.

“Vacinação completa é duas doses mais 14 dias passados. Reforço é… reforço. E pressupõe, por definição, que houve esquema vacinal completo antes”, afirma por sua vez Manuel do Carmo Gomes, professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Os Estados Unidos incluíram mais umas quantas exceções. Só aprovaram as vacinas da Pfizer/BioNTech, Moderna e Janssen, mas aceitam quem tenha recebido as doses recomendadas das vacinas aprovadas pelo Organização Mundial de Saúde (OMS) ou as pessoas que tenham tomado duas doses nos ensaios clínicos da AstraZeneca ou da Novavax. Os Estados Unidos aceitam até casos de cidadãos que tenham tomado doses de vacinas diferentes deste que constem na lista do regulador americano (FDA) ou da OMS.

O Presidente Emmanuel Macron avisou que todas as pessoas com mais de 65 anos e as que tenham tomado a vacina da Janssen devem tomar uma dose de reforço até 15 de dezembro se querem manter o passe sanitário (ou certificado digital) válido. A partir do momento em que cada uma destas pessoas se torna elegível para a dose de reforço, tem quatro semanas para o fazer ou arrisca-se a ter o certificado cancelado automaticamente, explica o site do governo francês.

O passaporte sanitário francês, também chamado de “passe verde”, permite não só ser equiparado ao certificado digital europeu para viajar, mas é exigido na entrada de vários locais em França, como eventos culturais, desportivos e religiosos, museus e monumentos, feiras e conferências, cafés, restaurantes e discotecas, mas também em espaços ao ar livre, como parques temáticos.

França pressiona maiores de 65 anos a tomar terceira dose da vacina contra Covid-19

Para enfrentar situações de reduzida adesão à vacinação, os países europeus têm adotado várias medidas, incluindo paras as vacinas de reforço. A Áustria, Suíça e Croácia, por exemplo, estabeleceram prazos de validade para a condição de totalmente vacinado, o que na prática vai obrigar à dose de reforço, segundo o jornal The Guardian. Não é o mesmo que ter um certificado digital que expira ao fim de um certo período (180 dias, em Portugal) e que pode ser renovado.

Nos Estados Unidos, pelo contrário, não existe um limite de tempo para se considerar que uma pessoa está totalmente vacinada — ou seja, o estatuto de vacinado não expira —, refere o site dos CDC. Só se considera que uma pessoa não está totalmente vacinada se não completou o esquema vacinal (no caso das vacinas de duas doses), se não pode tomar a vacina ou se tem menos de 12 anos, acrescenta o organismo.

Para a Comissão Europeia, as doses de reforço também não fazem perder a validade dos certificados europeus e a ideia é continuar a trabalhar no sentido de facilitar a livre circulação.

Em Inglaterra, a dose de reforço já é recomendada para maiores de 40 anos e, se continuar a ser recomendada a adultos que tomaram a segunda dose há mais de seis meses, o esquema vacinal pode passar a ser três doses já na primavera do próximo ano, calcula o jornal The Guardian.

No entanto, e até ao momento, o certificado digital do Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS) não assinala a terceira dose (nem para quem já a tomou). Aliás, o site do governo (atualizado a 2 de novembro) assume que isso não será necessário dentro do país.

O Passe Covid do NHS para viagens não inclui atualmente as vacinas Covid-19 de reforço. O governo está a rever as implicações e requisitos dos reforços para a certificação de viagens internacionais”, refere o site dedicado ao certificado digital britânico.

A Comissão Europeia já iniciou a adaptação técnica de como devem ser representadas as doses de reforço nos certificados europeus de forma a que seja possível lê-los em qualquer dos países que tenham adotado o sistema. Mas não cabe à Comissão dizer se, como e quando são dadas as doses de reforço, nem tão pouco as regras impostas por cada país nos respetivos certificados.

O Observador não conseguiu confirmar, junto dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), se a terceira dose é (ou vai ser) incluída no certificado de vacinação. Assim, como também não conseguiu respostas da Direção-Geral da Saúde (DGS), do Ministério da Saúde ou dos SPMS, sobre se para os idosos o esquema vacinal completo vai passar a ser de três doses.

Manuel do Carmo Gomes defende que mesmo que o certificado ainda não inclua a dose de reforço, o deverá fazer no futuro. Mas admite: “Tudo isto é muito recente. Ainda, não se sabe quase nada sobre a duração da proteção nos reforçados”.

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