sábado, 7 de maio de 2022

Edição Semanal. Traduções do site de turismo da Câmara de Santarém geram polémica e dão vontade de rir - O MIRANTE - Dicionário

No sítio da Câmara de Santarém na Internet dedicado ao turismo, a tradução para língua inglesa é, no mínimo, bastante criativa. Algumas freguesias do concelho não viram o seu nome traduzido, mas outras receberam topónimos em inglês de despertar gargalhadas ao mais sisudo. Se Cowboys é uma tradução literal para Vaqueiros tal como Santarém Valley é para o Vale de Santarém, e Legs é facilmente conotável com Pernes, já Friends from Below para Amiais de Baixo, Open It para Abrã, Reach para Alcanhões, Buckweath para Moçarria e Would Earn para Gançaria são designações insólitas e verdadeiros rasgos de tradução criativa.
Ou seja, com essas traduções Amiais de Baixo passou a designar-se em inglês Amigos de Baixo, Abrã passou a Abra, Alcanhões passou a ser Alcançar, Gançaria passou a Ganharia e Moçarria tem uma tradução inglesa que significa Trigo Sarraceno. Isto tudo no site www.santaremturismo.pt.
A situação foi exposta na última sessão da Assembleia Municipal de Santarém pela eleita Rita Correia (CDU), que arrancou alguns sorrisos na plateia com os exemplos que deixou e também desencadeou uma resposta contundente do vereador do Turismo, João Leite. Na sua primeira intervenção sobre o assunto Rita Correia disse que as traduções são “sofríveis” e “sem qualquer qualidade” do ponto de vista linguístico. “A situação seria cómica se não fosse efectivamente trágica”, afirmou. “Trata-se de erros crassos que são motivo de chacota”, disse a autarca que omitiu ou desconhecia que a tradução francesa segue pelo mesmo caminho. “Jambes” para Pernes ou “Ouvre-le” para Abrã são apenas dois exemplos.

A culpa é do algoritmo
Quem não gostou do que ouviu foi o vereador do Turismo, João Leite, que classificou como “infeliz” a intervenção da eleita da CDU, a quem acusou de ter uma “visão cinzenta que choca com a realidade e com os factos”. Elogiando o trabalho feito pelos funcionários do município na construção do site, que foi apresentado na última edição da BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa, João Leite referiu que a tradução dos conteúdos para inglês, francês e alemão é realizada por uma funcionalidade automática que pode ser introduzida e aplicada em vários sites, não sendo da responsabilidade do município. Adiantou ainda que os técnicos do município estão a trabalhar para que os conteúdos possam ser traduzidos correctamente em diversas línguas.
O conteúdo e o tom da resposta não agradaram a Rita Correia, que sublinhou não ter inventado nada e que qualquer dos presentes poderia aceder ao site e confirmar. “Obviamente que isto é traduzido por um algoritmo. E é isso que é vergonhoso num site tão bem feito e com conteúdos importantes para o concelho. Estragar a pintura toda com manias de internacionalismos mal feitos é muito mau. O senhor vereador validou esta tradução automática ridícula e que ridiculariza as freguesias e estabelecimentos do concelho”, acusou.

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