quinta-feira, 26 de maio de 2022

Significado dos sonhos: a psicanálise e o inconsciente por Freud e Jung - Hypeness - inglês

O que significam os nossos sonhos? O mundo onírico sempre foi objeto de estudo para os psicólogos e psicanalistas, que buscam entender a psiqué humana. Freud, Jung e outros teóricos sempre buscaram entender o significado dos sonhos para, através deles, encontrar respostas sobre o inconsciente.

A compreensão do significado dos sonhos pode ser uma importante ferramenta de autoconhecimento e descoberta. Imagens e cenários podem representar diferentes aspectos da sua vida ou do mundo. Contudo, as visões e as teorias sobre a interpretação dos sonhos divergem de teórico para teórico.

Significado dos sonhos

Significado dos sonhos podem variar de pessoa para pessoa e de psicólogo para psicólogo

Mas, de antemão, podemos te adiantar uma coisa sobre o significado dos sonhos: não existe resposta objetiva e concreta. Sonhar com dente, sonhar com piolho e sonhar com cobras podem ter diferentes significados para cada um e a compreensão total sobre esses símbolos formados pelo seu inconsciente talvez nunca ocorra. Mas a partir do conhecimento teórico, do apoio da literatura e com o trabalho de profissionais da psicologia, você consiga acessar diferentes camadas de si mesmo.

Nesse texto, iremos debater as principais correntes teóricas sobre a análise dos sonhos, com base em Sigmund Freud e Carl Jung, psicanalistas de diferentes correntes teóricas que observam de forma diferente o significado dos sonhos.

Significados do sonhos – Freud

Sigmund Freud é considerado o pai da psicologia por ter sido um dos pioneiros ao tentar compreender a psiqué humana de forma científica. Em seu pensamento, Freud formula diversas estruturas psicológicas de afeto e de formação de libido para compreender a natureza humana. Mas de que forma isso se relaciona com o significado dos sonhos?

O principal método de Freud para tratar de seus pacientes era a livre associação. Ele fazia com que seu pacientes falassem de forma constante, fazendo poucas observações. A ideia de Freud era tentar alcançar o inconsciente das pessoas através de longas sessões de terapia.

Freud e o significado dos sonhos

Para Freud, sonhos são um grito do inconsciente para satisfação de desejos reprimidos pelo consciente; para ele, o mundo onírico era um espaço de realização da libido

A livre associação permitiria Freud acessar a momentos em que o inconsciente se libertava e aparecia na fala das pessoas. Os pacientes começavam a acessar seus traumas depois de suas sessões e, além dos traumas, também chegavam em seus desejos que eram reprimidos pela racionalidade.

O inconsciente seria um parte da psiqué humana onde se alocam as suas vontades secretas – como o sexo – e seus traumas reprimidos – como situações que ocorreram durante a infância do paciente e que foram esquecidas pela consciência.
Para interpretar o significado dos sonhos, Freud entendia que a lógica não era assim tão diferente. De acordo com o pai da psicanálise, os sonhos eram um espaço de acesso ao inconsciente que permitiria a realização dos desejos e evidenciaria conceitos já abordados por ele, como a síndrome de Édipo e a pulsão de morte.

Em seu livro “A Interpretação dos Sonhos”, de 1900, Freud discorre longamente sobre sua teoria de interpretação – auto-proclamada científica – do significado dos sonhos.

Seu pensamento de interpretação dos sonhos foi seminal para tentar compreender esse momento como um fato científico. Antes, o mundo onírico era baseado em superstições, do tipo “sonhar com cobra significa que seu tio irá morrer”. Para Freud, os sonhos podiam ser interpretados sobre bases científicas. Mas boa parte da ciência também aludia aos sonhos sem significado.

“Fui forçado a perceber que aqui, uma vez mais, temos um daqueles casos não raros em que uma antiga e teimosamente conservada crença popular parece ter chegado mais perto da verdade do assunto do que a opinião da Ciência moderna. Devo insistir que o sonho realmente possui um significado, e que um método científico do sonho e sua interpretação é possível”, explica.

Freud articula que o significado dos sonhos é similar ao da livre associação: eles mostram emoções e instintos reprimidos e tentam sempre satisfazer vontades do inconsciente.

“Ao adormecer surgem “idéias indesejadas”, devido ao afrouxamento de um pensamento crítico sobre si, que pode influenciar a tendência de nossas ideias. Estamos acostumados a falar de fadiga como a razão desse afrouxamento; então, as ideias indesejadas são transformadas em imagens visuais e auditivas”, diz.

Então, ele trata do método. Para ele, o paciente deve simplesmente escrever seus sonhos sem tentar compreendê-los anteriormente. Em um caderno, se toma notas. “A energia psíquica assim poupada (ou parte dela) é empregada acompanhando atentamente os pensamentos indesejados que agora vêm à tona”, completa Freud.

Freud afirma que sonhos devem ser descritos em sua totalidade e sem senso crítico para serem interpretados corretamente; ele analisava a si mesmo e sua família, além dos pacientes

“A maioria dos meus pacientes consegue isso depois das minhas primeiras instruções. Eu mesmo posso fazê-lo muito completamente, se eu ajudar o processo escrevendo as idéias que passam pela minha mente. O quantum de energia psíquica pelo qual a atividade crítica é assim reduzida, e por qual a intensidade da auto-observação pode ser aumentada, varia consideravelmente de acordo com para o assunto sobre o qual a atenção deve ser fixada”, afirma.

Ao longo do livro, Freud analisa sonhos de diversos pacientes, de si mesmo e de familiares. Para exemplificar, ele toma notas de um sonho de sua filha, Anna. A criança acordou e contou o sonho ao pai, dizendo “Anna Freud, molango, molango, omelette, papai!”. O psicanalista compreendeu que o sonho era a realização de um desejo antigo da filha: comer morangos. A criança não podia consumir a fruta por uma alergia e tinha que resolver esse desejo insatisfeito em sua psiquê. A história simboliza o significado dos sonhos para Freud: satisfazer desejos que nós reprimimos em nossa vida consciente.

Contudo, a explicação de Freud não é necessariamente aceita por uma parte considerável dos psicólogos. Existem uma série de profissionais da saúde mental que não atribuem significados aos sonhos. Mas também existem aqueles que enxergam no mundo onírico algo além da satisfação dos desejos libidinosos. Esse é o caso de Carl Jung, adversário histórico de Sigmund Freud.

Significados do sonhos – Carl Jung

Jung era um grande amigo de Sigmund Freud, mas discordâncias sobre questões pessoais e teóricas acabaram afastando os parceiros de profissão. Os significados dos sonhos faziam parte dessa discordância irremediável entre os camaradas.

Para Jung, a psiqué é mais do que um instrumento de desejos. O fundador da escola da psicologia analítica enxerga que a mente humana é estruturada a partir de uma individualidade e de uma relação com o mundo mediada por símbolos. É o que o psicanalista descreve como “inconsciente coletivo”.

Carl Jung - significado dos sonhos

Freud acreditava que a libido e o sexo eram as forças motrizes da humanidade; Jung discordava completamente, valorizando a busca pelo sentido da existência e do autoconhecimento como principal aspecto da mente

“O sonho mostra a verdade interior e a realidade do paciente como realmente é: não como eu imagino que seja, e não como ele gostaria que fosse, mas como é”, explica Jung em ‘Memórias, Sonhos e Reflexões’.

Para compreender o significado dos sonhos através de Carl Jung, é essencial compreender o conceito de arquétipo. Arquétipos são uma herança psicológica milenar da humanidade que representam memórias humanas. Essas heranças então em símbolos religiosos, mitos, lendas e obras artísticas ao redor de todo o mundo.

Por que, por exemplo, a representação da sabedoria ao longo de diversas culturas é um homem ou uma mulher idosa, usualmente solitária, que vive em contato com a natureza? Essa ideia, por exemplo, está evidenciada na carta do Eremita do Tarot. Para Jung, sonhos com figuras desse tipo representam uma conexão entre o sujeito e seu self, ou seja, a busca pelo autoconhecimento e pela individuação.

Freud à esquerda e Jung à direita: colegas de trabalho tiveram racha e significado dos sonhos varia entre ambos

“Quanto menos entendemos o que nossos antepassados ​​buscavam, menos entendemos a nós mesmos e, assim, ajudamos com todas as nossas forças a roubar do indivíduo de suas raízes e de seus instintos orientadores, para que ele se torne uma partícula na massa”, explica Jung.

Para a psicologia analítica, os sonhos representam muito mais um acesso ao significado existencial do indivíduo do que um acesso aos seus desejos inconscientes.

Os diversos símbolos e arquétipos presentes nos sonhos podem nos contar sobre questões da nossa vida consciente, de pessoas próximas ou questões relacionadas ao próprio mundo ao nosso redor.

Tarô é recheado de símbolos interessantes para uma leitura junguiana de símbolos e realidades; arcanos dialogam com arquétipos psicológicos e podem elucidar questões existenciais da pessoa humana

Ao longo de sua vida, Jung interpretou mais de 80 mil significados de sonhos – sejam eles de seus pacientes, de si mesmo e de relatos de outras culturas – e buscou encontrar pontos comuns entre o mundo onírico de diversas pessoas.

Para ele, a psiqué humana possui a seguinte estruturação e os símbolos oníricos se enquadram nesses aspectos:

Persona: é quem você é, como você se enxerga perante ao mundo; é sua consciência
Sombra: a sombra se relaciona com o inconsciente mais freudiano, e se relaciona com traumas e desejos reprimidos da sua pessoa
Anima: a anima é um lado feminino do sujeito relacionados com percepções mitológicas da feminilidade
Animus o animus é o lado masculino do sujeito, relacionado com percepções masculinos da feminilidade
Self: se relaciona com a busca pelo autoconhecimento, pela sabedoria e pela felicidade, pelo sentido da existência e pelo destino humano

O mundo onírico gira em torno de figuras mitológicas e representações do cotidiano e o significado dos sonhos lida com os conceitos supracitados. A leitura mais importante para a percepção de Jung sobre os sonhos é ‘O Homem e Seus Sìmbolos’.

Existem outras teorias sobre o significado dos sonhos, mas as principais linhas – em especial na psicanálise – são as de Carl Jung e Sigmund Freud.

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