terça-feira, 17 de maio de 2022

Freixo defende aproximação com evangélicos e diz que a esquerda não acompanhou o 'significado do crescimento das igrejas' - G1 - inglês

Marcelo Freixo — Foto: Reprodução/GloboNews

Marcelo Freixo — Foto: Reprodução/GloboNews

O pré-candidato ao Governo do Rio Marcelo Freixo (PSB-RJ) falou, em sabatina ao jornal O Globo, sobre sua aproximação com as igrejas – ele foi fotografado em reunião na Assembleia de Deus em Madureira, na Zona Norte do Rio.

O deputado federal disse que a esquerda não acompanhou o significado do "crescimento das igrejas evangélicas". Para Freixo, o importante é manter o diálogo com todas as correntes religiosas.

"Primeiro que ir à igreja não é pecado. E segundo que é fundamental hoje dialogar com todas elas para criar uma relação com a juventude nos territórios desiguais do Rio. A igreja faz o cara parar de beber, parar de bater na mulher. Faz o dinheiro ser mais bem aproveitado por uma família. Essa experiência positiva da igreja a gente quer", argumentou o pré-candidato.

De acordo com Marcelo Freixo, o fato da esquerda brasileira ter uma ligação maior com a Igreja Católica não impede essa aproximação com evangélicos. O deputado entende que o crescimento do segmento está diretamente ligado ao "abandono do poder público".

"A esquerda tem uma relação de origem muito próxima da Igreja Católica e acho que não conseguiu acompanhar o significado do crescimento das igrejas evangélicas, que tem uma relação direta com o abandono do poder público e a desigualdade social. Nós temos que buscar o que temos de comum e não o que temos de idêntico".

Durante a sabatina, Freixo também comentou sobre a força política de lideranças evangélicas como Edir Macedo, da igreja Universal do Reino de Deus, e Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

"Não estou barganhando esse apoio, quero conversar sobre o futuro do Rio e boa parte dos pastores não são necessariamente ligados a grandes organizações. Eles têm todo o direito de fazer campanha contra. Depois da eleição, se estivermos fazendo um bom governo e quiserem elogiar, também serão bem-vindos", argumentou o deputado.

Perguntado se o pré-candidato à presidência da República, Lula, errou ao dizer recentemente que "todo mundo deveria ter direito ao aborto", Freixo preferiu não criticar o ex-presidente e aproveitou para pontuar as principais pautas do seu governo.

"Quem sou eu para dizer o que o Lula deve ou não falar. Acho que a pauta da campanha é a vida real das pessoas. Quero ser o governador da educação. Sou candidato para enfrentar o crime organizado, para melhorar emprego, investimento, garantir que toda criança seja alfabetizada na idade certa", comentou Freixo.

Aliança com o PT e disputa no Senado

A candidatura de Marcelo Freixo, pelo PSB, ao governo do Rio de Janeiro conta com o apoio do Partidos dos Trabalhadores (PT). Contudo, as legendas seguem em lados opostos na disputa por uma vaga no Senado. Atualmente, o deputado federal Alessandro Molon (PSB) e o deputado estadual André Ceciliano (PT) não parecem desistir de suas candidaturas.

Freixo acredita que essa é uma decisão de cada partido e que não vê problema nos dois candidatos entrarem na disputa, mesmo admitindo que seria melhor para a esquerda se apenas um deles concorresse.

"Isso passa pelas direções nacionais de PT e PSB. Juridicamente é possível lançar dois candidatos, mas acho importante que se tenha apenas um para vencermos".

"Não há hipótese de o PT sair da chapa. A coisa mais importante que existe é preservar a aliança e os dois partidos querem muito ganhar a eleição para o governo do Rio. E para ser muito sincero, é governador que ajuda a eleger senador, não o contrário, né?", disse.

Marcelo Freixo — Foto: GloboNews

Marcelo Freixo — Foto: GloboNews

Apesar da indefinição sobre um possível candidato único da coligação ao Senado, Freixo não acredita que isso vá interferir no apoio que o PT para a corrida ao Palácio Laranjeiras.

"Ceciliano esteve comigo semana passada em uma agenda numa universidade e deixou claro na fala que sou eu o candidato a governador dele. O PT fez uma reunião de seu diretório e por 53 votos a três decidiu pelo apoio à minha candidatura. Isso está completamente superado. Nós temos um lado, isso é dito por Lula, e esse lado tem que ganhar a eleição. Política se faz com lealdade e eu a tenho para com a campanha do Lula por entender que ela é muito importante para o Brasil neste momento. Ao contrário do Cláudio Castro, que todo mundo sabe que é da base do Bolsonaro, mas que finge que não é", argumentou.

'Bolsonaro e Castro representam uma sociedade miliciana', diz Freixo

Questionado sobre a saída do Psol, Marcelo Freixo disse que precisava ampliar sua capacidade de união.

"Nunca tive essa imagem de radical, muito pelo contrário, minha atuação no Parlamento sempre foi de diálogo. A ida para o PSB amplia a capacidade de união. Temos seis partidos na aliança, uma parceria que o campo progressista nunca teve no estado", explicou.

Já sobre seu principal adversário na corrida eleitoral, o atual governador do estado, Freixo fez uma comparação entre Cláudio Castro e o Jair Bolsonaro. Para ele, os dois representam uma sociedade miliciana.

"Precisamos desta capacidade de unir diante do que está acontecendo no Brasil e no Rio. O que Bolsonaro e Cláudio Castro representam no Brasil e no Rio, mais do que uma aliança política, é uma sociedade miliciana. A milícia está para o Rio assim como o garimpo está para o Brasil: arma, crime ambiental, violência, ilegalidade e exploração. É um projeto que ameaça as instituições. A eleição de 2022 servirá para derrotarmos o fascismo no Brasil", argumentou Freixo.

Sobre a segurança pública, Freixo não quis garantir que durante seu possível mandato a Polícia Militar não atuaria em favelas com o caveirão. Contudo, para o pré-candidato, o debate tem que ser mais amplo.

"Qualquer coisa tem que ter protocolo. Estamos discutindo caveirão e os coletes à prova de bala para os policiais estão vencidos. O ticket refeição de um policial civil custa R$ 12, ele não consegue comer. O recado que eu quero dar para a tropa é que as promoções serão justas e transparentes, vai ter investimento no treinamento e valorização da carreira".

"Não estou discutindo os efeitos eleitoreiros do governador (reajuste de salários para as polícias). A questão é: qual é a política de segurança do Rio de Janeiro? Qual é a tecnologia implementada? Quais as metas, o que vamos fazer para reduzir o homicídio?", completou.

Regime de Recuperação Fiscal

Sobre a crise econômica do Rio de Janeiro, Freixo disse que existe uma dívida do estado com a União, mas que as condições poderão ser renegociadas com o futuro presidente.

"O Rio hoje tem uma dívida com a União que é muito alta. Vamos ter absoluta responsabilidade fiscal, mas no futuro governo eu vou sentar com o Lula eleito e dizer que precisamos de ajuda. Renegociaremos a dívida com a União, sem calote".

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